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o soneto brasileiro

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[8.16] B. LOPES (1856-1916)<br />

APOTEOSE<br />

Não sei por que surpresas do meu fado,<br />

Se por ventura ou por desgraça minha,<br />

Sigo os volteios do teu giro alado,<br />

Teus aéreos caprichos de andorinha.<br />

Nas tuas ígneas asas arrastado,<br />

Do erro buscando a sedutora linha,<br />

Perdi cultos e crenças do Passado:<br />

És do meu coração dona e rainha.<br />

Prende-o no áureo grilhão do teu encanto,<br />

De teus braços febris na algema flórea,<br />

Ou nas cadeias súplices do pranto;<br />

Águia, eleva-te, e aos hinos das fanfarras,<br />

Como um troféu sangrento da vitória,<br />

Leva o meu coração nas tuas garras!<br />

[8.17] MÚCIO TEIXEIRA (1858-1926)<br />

O INFINITO<br />

Onde o corpo não vai - projeta-se o olhar;<br />

Onde pára o olhar - prossegue o pensamento;<br />

Assim, nesse constante, eterno caminhar,<br />

Ascendemos do pó, momento por momento.<br />

Muito além da atmosfera e além do firmamento,<br />

Onde os astros, os sóis, não cessam de girar,<br />

Há de certo mais vida e muito mais alento<br />

Do que nesta prisão mefítica, sem ar...<br />

Pois bem! se não me é dado, em vigoroso adejo,<br />

Subir, subir... subir - aos mundos, que não vejo,<br />

Porém que um não sei quê me diz que inda hei de ver,<br />

- Quero despedaçar os elos da matéria:<br />

Perder-me pelo azul da vastidão etérea<br />

E ser o que só é - quem já deixou de ser!<br />

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