13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Adoucit la peine mortelle,<br />

Ne saurait me flatter comme eux.<br />

Et ma contrainte est si cruelle<br />

Que celle vers qui vont mes voeux<br />

Lira ce récit amoureux<br />

Sans savoir qu'il est fait pour elle!<br />

[6.4.12] "Não há negar - diz Melo Nóbrega - que, nesse poema ingênuo,<br />

está, canhestramente glosado, o mesmo tema desenvolvido no <strong>soneto</strong> de<br />

Arvers, com circunstâncias que estão a indicar aproveitamento direto:<br />

não só a rima ("elle" e "èle"), mas até expressões literalmente<br />

repetidas, embora aplicadas ao poeta, ao invés de à mulher amada.<br />

[6.4.13] No "quoique je sois tendre et fidèle", de Cocquard, está a voz<br />

cujo eco, setenta e seis anos depois, sussurraria aos ouvidos de Maria<br />

Nodier: "quoique Dieu l'at faite bonne et tendre..." (1)<br />

[6.4.14] Além da falta de originalidade no <strong>soneto</strong> de Arvers, a crítica,<br />

nem sempre bem intencionada, há procurado descobrir outros defeitos no<br />

mesmo poema, os quais aqui se enumeram: 1) - falta de fidelidade às<br />

regras estatuídas para a disposição das rimas dos quartetos e tercetos<br />

do <strong>soneto</strong> clássico; 2) - emprego de rimas participiais nos quartetos; 3)<br />

- uso de rimas forçadas ("taire" com "terre"), no segundo quarteto; 4) -<br />

consonância interna de palavras ("faite" e "distraite"), no nono e<br />

décimo versos; 5) - falta da cesura clássica no penúltimo verso do<br />

<strong>soneto</strong> ("elle dira, lisant ces vers remplis d'elle"); 6) - três<br />

repetições do particípio "fait", nos versos quarto, sétimo e nono, neste<br />

último na forma feminina ("faite"); 7) - repetição abusiva do verbo<br />

"avoir" e do pronome "elle", no texto do <strong>soneto</strong>; e 8) - excessivo abuso<br />

do emprego de possessivos.<br />

[6.4.15] Feito o desconto de algumas destas exigências, por<br />

desarrazoadas ou caprichosas, ainda assim não poderá ser considerado<br />

perfeito o poema de Félix Arvers. Não é ele, como muito bem disse<br />

Sainte-Beuve, "um desses <strong>soneto</strong>s de mestre, bem pensados em todos os<br />

seus elementos e habilmente cinzelados, como Soulary sabe compô-los; é<br />

um <strong>soneto</strong> doce e casto, através do qual passou um sopro de Petrarca".<br />

[6.4.16] Em época mais recente, o crítico francês Jorge Pellissier<br />

emitiu sobre o célebre poema o seguinte juízo: "O <strong>soneto</strong> que imortalizou<br />

a Arvers foi, como diz Sainte-Beuve, 'uma boa fortuna'. Os seus demais<br />

poemas carecem de originalidade; pelo menos, nenhum deles teria salvo do<br />

olvido o seu nome. Esse <strong>soneto</strong>, o '<strong>soneto</strong> de Arvers', não é somente<br />

único, na sua obra; pode ser chamado 'o <strong>soneto</strong> do século'." (2)<br />

118

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!