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o soneto brasileiro

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sucessivamente excitada por estas palavras que o retardam: "où, le soir,<br />

las d'un vol immortel", e por esta transposição imitativa que continua a<br />

retardá-lo: "Et d'où s'envole, à l'aurore", até que, enfim, se desprende<br />

e salta, de asas abertas, num surto que parece prolongar ao infinito a<br />

sílaba muda do seu nome, o corcel sublime, "Pégase!". (10)<br />

[2.61] Ainda com desconto de alguma impressão de caráter subjetivo que<br />

porventura se encontre nesta página de Dorchain, algo de elucidativo<br />

haverá na lição que nos ministrou, no tocante à estrutura do prestigioso<br />

poema.<br />

[2.62] Várias tentativas têm sido feitas, através dos tempos, no sentido<br />

da introdução de certas modificações na composição do <strong>soneto</strong>, mas<br />

nenhuma delas logrou o êxito alvejado. Entre essas inovações houve a do<br />

<strong>soneto</strong> chamado "duplo", composto de vinte e oito versos, obra de<br />

evidente mau gosto e artificialidade, a do <strong>soneto</strong> denominado "cruz de<br />

Santo André", a do <strong>soneto</strong> chamado "serpentino", as dos <strong>soneto</strong>s<br />

"bilíngües" e "poliglóticos", bem assim a do <strong>soneto</strong> com "estrambote" ou<br />

de cauda, que consistia no apêndice de mais um terceto, de metro<br />

variado, ao corpo do poema comum. O próprio Camões foi levado uma vez a<br />

essa extravagância, no <strong>soneto</strong> que assim principia: "Tanto se foram,<br />

Ninfa, acostumando".<br />

[2.63] Ao passo que outros poemas e poemetos de forma fixa foram<br />

esquecidos, com o decorrer dos anos, o <strong>soneto</strong>, na sua forma atual, há<br />

continuado a impor-se à consideração dos poetas e do público; decaído em<br />

determinadas épocas, ei-lo ressurge vitorioso e mais brilhante noutras,<br />

sobretudo naquelas de maior vigor literário.<br />

[2.64] Posto que a disposição primitiva das suas rimas fosse<br />

figuradamente na proporção ABBA/ABBA+CDC/DCD, não raro notáveis poetas<br />

violaram esse preceito, inclusive Camões e Bocage, com o usar rimas<br />

cruzadas, nos quartetos, e com o permitir certas liberdades na<br />

disposição das rimas dos tercetos. Petrarca igualmente apresenta, entre<br />

as três centenas de <strong>soneto</strong>s que compôs, cinco exemplos dessa variação,<br />

nas rimas dos quartetos, e Dante seis, entre os vinte e quatro <strong>soneto</strong>s<br />

de "Vita Nuova".<br />

[2.65] Acham-se, aqui, em esquemas, as outras disposições geralmente<br />

usadas das rimas dos quartetos: ABAB/ABAB; ABAB/BABA; ABBA/BAAB. Quanto<br />

às rimas dos tercetos, são admitidas as disposições que se seguem:<br />

CCD/EED; CDE/CDE; CDC/DEE; CDC/EDE e CCD/DEE.<br />

[2.66] Carece de fundamento a observação que se lê no "Tratado de<br />

Versificação", de Olavo Bilac e Guimarães Passos, em que asseveram serem<br />

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