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o soneto brasileiro

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De virgens selvas e de oceano largo!<br />

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,<br />

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",<br />

E em que Camões chorou, no exílio amargo,<br />

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!<br />

LÍNGUA PUTANHEIRA [Glauco Mattoso]<br />

A língua deflorada, puta bela,<br />

a um tempo é despudor e compostura.<br />

Menina virgem, sim, porém impura:<br />

tem cabacinho mas caralhos fela.<br />

Quero-te assim, cu doce e pica dura,<br />

carícia, ato de amor, curra barrela,<br />

que tens o dom e o vício da donzela<br />

e o ardor da crueldade e da tortura!<br />

Amo teus bardos, anjos de Sodoma,<br />

bastardos de olho vivo e de ânus largo!<br />

Amo-te, ó grosso e doloroso idioma,<br />

em que o Pai me chamou "da puta filho"<br />

e em que eu choro a cegueira e canto o encargo<br />

de usar-te a lamber botas, dando um brilho!<br />

[5.38] No caso de Valentim Magalhães, o próprio Bilac inclui no seu<br />

tratado um exemplo bastante forte, a ponto de merecer inclusão em<br />

qualquer antologia sadomasoquista da literatura brasileira.<br />

AÇOITADA [Valentim Magalhães]<br />

Ante a mesquita de áureos minaretes<br />

Açoitam dois telingas a traidora;<br />

As vergastas, sutis como floretes,<br />

Sibilam sobre a carne tentadora.<br />

À vibração das varas, estremecem<br />

Seus níveos membros, firmes, delicados,<br />

E, nos espasmos do sofrer, parecem<br />

Das contorsões do gozo eletrisados.<br />

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