13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sem mim como sem ti<br />

posso durar. Desisto<br />

de tudo quanto é misto<br />

e que odiei ou senti.<br />

Nem Fausto nem Mefisto,<br />

à deusa que se ri<br />

deste nosso oaristo,<br />

eis-me a dizer: assisto<br />

além, nenhum, aqui,<br />

mas não sou eu, nem isto.<br />

[8.66] MÁRIO QUINTANA (1906-1994)<br />

PARA ÉRICO VERÍSSIMO<br />

O dia abriu seu pára-sol bordado<br />

De nuvens e de verde ramaria.<br />

E estava até um fumo, que subia,<br />

Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.<br />

Depois surgiu, no céu azul arqueado,<br />

A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.<br />

Na rua, um menininho que seguia<br />

Parou, ficou a olhá-la admirado...<br />

Pus meus sapatos na janela alta,<br />

Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta<br />

Pra suportarem a existência rude!<br />

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,<br />

Que são dois velhos barcos, encalhados<br />

Sobre a margem tranqüila de um açude...<br />

[8.67] VINÍCIUS DE MORAIS (1913-1980)<br />

O ANJO DAS PERNAS TORTAS<br />

A um passe de Didi, Garrincha avança<br />

Colado o couro aos pés, o olhar atento<br />

Dribla um, dribla dois, depois descansa<br />

Como a medir o lance do momento.<br />

188

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!