13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

De Nereida dormir tranqüilo e ufano.<br />

É que, sem mesmo as correções marmóreas<br />

Que teve o deus para os cinzéis helenos,<br />

Com a sacra flama e com os pulmões de Bóreas,<br />

Hei de, em carnes polífonos, ao menos,<br />

Vencendo as glaucas vastidões equóreas,<br />

Enternecer o coração de Vênus.<br />

[8.48] BRUNO BARROSA (1886-1956)<br />

ÂNSIA INFINITA<br />

Alma! sobe, desvenda, alcança outras planuras,<br />

Quebra o grilhão fatal, quebra a maldita algema<br />

Que te prende no chão, e voa nas alturas,<br />

Embora o sol desmaie, embora a nuvem trema.<br />

Povoa a solidão das noites mais escuras...<br />

Tira da luz a crença, esta verdade extrema<br />

Que te falta e, se um deus é o que, ardente, procuras,<br />

Faze um deus que contigo as dores sinta e gema.<br />

Mas, que vejo? Voaste, asas abertas, frio<br />

O ar, a nuvem que passa e foge, a imensidade<br />

Viste e viste sem luz o espaço, ermo e vazio.<br />

Baldado é teu esforço, inútil é teu grito:<br />

És pequena demais, mesquinha humanidade,<br />

E esmaga-te a cabeça o peso do infinito.<br />

[8.49] HUMBERTO DE CAMPOS (1886-1934)<br />

DOMINGOS AFONSO MAFRENSE (Povoador do Piauí)<br />

Como os patriarcas bíblicos de antanho,<br />

Cortando a Síria, a apascentar seu gado,<br />

Penetraste o planalto sossegado,<br />

Conduzindo teu povo e teu rebanho.<br />

Pelo sertão era de paz teu brado:<br />

Doida fadiga antecedeu teu ganho:<br />

Teu arcabuz não trabalhou no amanho<br />

175

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!