13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

escola, em que pese ao opinar de Fidelino de Figueiredo, que o<br />

classifica entre os poetas "realistas", caiu o <strong>soneto</strong> em profunda<br />

decadência, esquecidas assim as antigas tradições que tinha na<br />

literatura lusitana.<br />

[4.51] Leiamos, entretanto, este poema de João de Deus, incluído na<br />

poesia "A Vida":<br />

A VIDA [João de Deus]<br />

Foi-se-me pouco a pouco amortecendo<br />

A luz que nesta vida me guiava,<br />

Olhos fitos na qual até contava<br />

Ir os degraus do túmulo descendo.<br />

Em se ela anuveando, em a não vendo,<br />

Já se me a luz de tudo anuveava;<br />

Despontava ela apenas, despontava<br />

Logo em minha alma a luz que ia perdendo.<br />

Alma gêmea da minha, e ingênua e pura<br />

Como os anjos do céu (se o não sonharam...)<br />

Quis mostrar-me que o bem bem pouco dura!<br />

Não sei se me voou, se ma levaram;<br />

Nem saiba eu nunca a minha desventura<br />

Contar aos que inda em vida não choraram...<br />

[4.52] Os últimos poetas daquela fase, quase todos de reduzido porte<br />

literário, esterilizaram-se cedo, num sistemático e lacrimoso<br />

ultra-romantismo que determinou, por volta de 1865, a famosa "questão<br />

coimbrã", a qual veio imprimir salutar impulso à evolução da poesia<br />

portuguesa, pondo fecho àquele período.<br />

[4.53] Coube a Antero Tarquínio de Quental (1842-1891), o grande mestre<br />

do <strong>soneto</strong> moderno em Portugal, o início das hostilidades contra a chefia<br />

literária de Antônio Feliciano de Castilho. Na sua "Carta<br />

Autobiográfica", dirigida, em 14 de maio de 1887, ao Doutor Guilherme<br />

Stork, tradutor alemão dos seus <strong>soneto</strong>s, assim se refere o<br />

poeta-filósofo à sua ação na batalha contra o Romantismo: "O velho<br />

Portugal ainda conservado artificialmente por uma literatura de<br />

convenção morrera definitivamente. Desta espécie de revolução fui eu o<br />

porta-estandarte, com o que me não desvaneço sobremaneira, mas também<br />

não me arrependo." (10)<br />

92

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!