13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

foi Petrarca que o pôs triunfalmente em moda. Dois quartetos e dois<br />

tercetos de dez sílabas com as rimas encadeadas segundo as fórmulas<br />

ABBA/ABBA-CCD/EDE - ou ABBA/ABBA-CDE/CDE - ou ainda ABAB/BABA-<br />

CDC/DCD -<br />

tal é a organização do <strong>soneto</strong> que se fixou, na qual raramente com êxito<br />

mão profana ousou introduzir modificações de sua lavra". (1)<br />

[4.7] Cabe aqui uma observação, talvez impertinente. Não obstante<br />

afirmar Teófilo Braga que do Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, são<br />

conhecidas apenas umas "coplas" que havia enviado ao poeta castelhano<br />

João de Mena, cronista de D. João II, da Espanha, incluídas no<br />

"Cancioneiro Geral" de Garcia de Resende, sabemos que o crítico<br />

português Francisco Dias Gomes (1745-1795) era de parecer que "o <strong>soneto</strong>,<br />

introduzido em Portugal pelo famoso Infante D. Pedro de Alfarrobeira,<br />

poeta insigne (...) foi pelo Sá de Miranda aperfeiçoado e estabelecido<br />

de maneira que ao presente o vemos." (2)<br />

[4.8] O Infante D. Pedro (1392-1449) foi regente do Reino durante a<br />

menoridade de D. Afonso V, seu sobrinho, de 1438 a 1448, e no ano<br />

seguinte foi assassinado pelas mesnadas do Duque de Bragança e do Conde<br />

de Barcelos, junto ao ribeiro denominado Alfarrobeira, de onde lhe teria<br />

vindo a alcunha usada por Dias Gomes.<br />

[4.9] No caso de oferecer margem a controvérsia o referido parecer do<br />

antigo crítico, seria digno de consideração o seguinte trecho de Teófilo<br />

Braga: "Dom Afonso decretou perseguição até ao quarto grau a todos<br />

aqueles que acompanharam seu tio o infante D. Pedro; é crível que isto<br />

atuasse no desaparecimento das suas obras poéticas." (3) Acrescenta<br />

ainda Teófilo Braga que "o conhecimento da poesia castelhana em Portugal<br />

no século XV foi introduzido pelo Infante D. Pedro, amigo e admirador de<br />

João de Mena, que, com Herman Perez de Gusmán e o Marquês de Santillana,<br />

em Castela, no reinado de D. João II, continuando a antiga influência<br />

galaico-portuguesa, souberam vivificar as esgotadas formas trobadorescas<br />

com a beleza literária suscitada pelo conhecimento do gênio italiano".<br />

Por seu turno, Menendez y Pelayo faz alusão ao predomínio, em Castela,<br />

das formas alegóricas de Dante, combinadas com reminiscências de<br />

Petrarca, especialmente dos "Triunfos".<br />

[4.10] Releva também notar que o crítico <strong>brasileiro</strong> Sotero dos Reis,<br />

referindo-se aos iniciadores da poesia quinhentista, assim se exprime:<br />

"(...) era muito natural que aparecessem em Portugal os primeiros<br />

ensaios da poesia erótica, didática e elegíaca, feitos por Sá de<br />

Miranda, a quem alguns com manifesta injustiça dão o pomposo título de<br />

pai da nossa poesia, quando foi apenas o introdutor de três gêneros,<br />

pois que no erótico moderno, ou poesia dos trovadores aperfeiçoada por<br />

Petrarca se podem compreender não só as canções, mas também os <strong>soneto</strong>s,<br />

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!