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o soneto brasileiro

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Fremeranno d'amor dentro la fossa.<br />

[6.6.16] Raimundo Correia, o mais artista e delicado dos nossos poetas<br />

chamados parnasianos, não desdenhou também a prática do processo de<br />

imitação, justificado por Albalat e Maurevert, consoante a opinião de<br />

José Veríssimo ("História da Literatura Brasileira", 1929), que<br />

assevera, sem ter sido o primeiro a fazê-lo, que "os temas dos seus dois<br />

mais belos e mais justamente afamados poemas, 'As Pombas' e o 'Mal<br />

Secreto', não lhe pertencem".<br />

[6.6.17] É sabido que a inspiração do primeiro desses <strong>soneto</strong>s lhe veio<br />

do poema "Les Colombes", senão de um trecho do romance "Mademoiselle de<br />

Maupin" (1835), ambos de Teófilo Gautier. Damos a palavra, ainda uma<br />

vez, ao ilustre polígrafo Ermínio Araújo, mediante a transcrição de mais<br />

um trecho do seu citado artigo, cuja relativa longura reverterá em<br />

proveito do leitor desta nota, dada a rica substância da lição que lhe<br />

será ministrada: "(...) Mas, para ficarmos em casos mais concretos que,<br />

mais de perto, nos interessam, merecendo, por isso averiguados, cai a<br />

ponto de acudirmos, já aqui, em defesa de um dos nossos poetas de maior<br />

projeção e relevo literários, que no conceito, à la 'légère', de certa<br />

crítica, sem razão - é claro - não se tem, de todo em todo, eximido à<br />

pecha de plagiário. Criou Gautier, certamente, belas comparações e<br />

imagens, capazes de exprimir, com igual eloqüência e força, muitos<br />

sentimentos que nos dominam. Quão formosas, por exemplo, as que se<br />

encerram nestas admiráveis quadras que ele intitulou:<br />

LES COLOMBES<br />

Sur le couteau, là bas, où sont les tombes,<br />

Un beau palmier, comme un penache vert,<br />

Dresse sa tête, où le soir les colombes<br />

Viennent nicher et se mettre à couvert.<br />

Mais le matin elles quittent les branches:<br />

Comme un collier qui s'égrène, on les voit<br />

S'éparpiller dans l'air bleu, toutes blanches,<br />

Et se poser plus loin sur quelque toit.<br />

Mon âme est l'arbre où tous les soirs, comme elles.<br />

De blancs essaims de folles visions<br />

Tombent des cieux, en palpitant des ailes,<br />

Pour s'envoler des les premiers rayons.<br />

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