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espondia: ‘Ora, titia, a senhora é quem manda. E, depois, eu<br />
não entendo nada desses negócios de casa...’ ” {31}<br />
Assim elas foram envelhecendo no Sobrado e fora dele,<br />
nas voltas que Rodrigo deu em suas andanças pelo mundo e<br />
nos conflitos emocionais que viveu, sempre ajudado pela<br />
compreensão da esposa e da tia:<br />
“E em meio de tantos interesses desencontrados e<br />
conflitos em estado potencial, estavam agora aquelas duas<br />
mulheres que Floriano tanto amava e respeitava: sua mãe e<br />
Maria Valéria. A primeira portava-se com uma dignidade<br />
comovedora. Não tinha ilusões quanto ao marido, conhecia-lhe<br />
todas as fraquezas e pecados, tanto os passados como os<br />
presentes, e não ignorava nem mesmo a existência daquela<br />
amante de vinte anos...<br />
Floriano, porém, jamais lhe ouvira uma palavra de queixa<br />
ou de censura”. {32}<br />
8. A última ilha.<br />
Fragmento desgarrado de O Tempo e o Vento, Incidente<br />
em Antares continua (ou encerra?) O Arquipélago, à feição de<br />
uma estranha ilha fluvial de grande romance-rio, formado pelo<br />
barro histórico das últimas enchentes políticas. Fora de<br />
qualquer dúvida, sua figura central é ainda uma mulher, Dona<br />
Quitéria, a matriarca dos Campolargos. Na história de duas<br />
famílias, cuja rivalidade de morte vem do alvorecer da<br />
hipotética Antares, ela representa, ao lado de outra figura<br />
feminina, esposa de um contemporâneo do bando rival, uma<br />
fonte de entendimento e de integração social. Outras<br />
mulheres de O Tempo e o Vento desempenham papéis<br />
semelhantes, como é o caso de Dona Emerenciana, que se<br />
recusa a aceitar a persistência do tradicional conflito entre<br />
os Amarais e os Cambarás. {33}<br />
Um dos últimos descendentes dos Campolargos era um<br />
homem sem nenhuma vocação para a liderança que lhe cabia<br />
desempenhar:<br />
“Tinha terminado o curso ginasial e feito dois anos do<br />
curso de Direito. Gostava de ler, era meio indolente — um<br />
homem de boa paz. Ficou desconcertado quando se viu feito<br />
patriarca do clã dos Campolargos. Respondeu a essa situação<br />
com cólicas intestinais que duraram uma semana”. {34} Como<br />
sempre, a mulher personagem de <strong>Erico</strong> não é do mesmo<br />
estofo:<br />
“(...) sua mulher Quitéria, uma Campolargo tanto por<br />
parte de pai como de mãe, era uma criatura enérgica e<br />
inteligente, senhora de razoáveis leituras e até de uma certa<br />
astúcia política...” {35}<br />
“Eram bastante cordiais as suas relações com a mulher<br />
de Tibério Vacariano, D. Briolanja, conhecida na intimidade