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Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

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affonso ouro preto<br />

insustentável e que muito prontamente o país seria atingido por uma<br />

grande crise – não foi o que ocorreu – e a expansão chinesa continua<br />

despertando uma mistura de admiração, de surpresa, e em certos meios,<br />

de receio diante de uma redistribuição dos eixos econômicos e políticos<br />

do mundo.<br />

A rigor, se a <strong>China</strong> cresce hoje muito ela simplesmente recupera as<br />

posições que já ocupou <strong>no</strong> passado. Calcula-se que <strong>no</strong> início do século<br />

XVI o país representava cerca de 30% do PNB mundial. A renda per<br />

capita chinesa só teria sido ultrapassada pela europeia por volta de 1500<br />

(The Eco<strong>no</strong>mist). Não havia dúvida, naquela época, que tecnicamente,<br />

a <strong>China</strong>, onde haviam sido inventa<strong>das</strong> a bússola a imprensa, a pólvora e<br />

outros, estava mais adiantada do que a Europa.<br />

Os historiadores discutem os motivos que levaram a <strong>China</strong> a<br />

iniciar um processo de declínio, pelo me<strong>no</strong>s técnico, frente aos países<br />

ocidentais. Discutem ainda para definir quando realmente começou<br />

esse processo.<br />

Alguns autores, possivelmente a maioria, acreditam que o lento<br />

retrocesso chinês teria começado em fins da dinastia Ming ou seja<br />

<strong>no</strong> início do século XVI após a suspensão em 1433 <strong>das</strong> expedições<br />

de exploração ultramarina. Essa opinião (Maurício Carvalho Lyrio)<br />

expressaria a impressão, frequente em autores sobretudo anglo-saxões,<br />

de não atribuir o declínio chinês ao contato ou o choque com os<br />

imperialismos ocidentais.<br />

Os que consideraram que a decadência já teve início com os Mings<br />

apresentam a explicação de que o sistema administrativo baseado <strong>no</strong><br />

mandarinato (recrutado por concurso) mas inspirado numa ideologia<br />

essencialmente conservadora, avessa à ideia de lucro, não permitiu ou não<br />

criou um clima favorável para a eclosão de uma burguesia empresarial.<br />

O comércio e a indústria (inclusive a área militar) eram vistos com<br />

desconfiança ou desprezo pelo mandarinato e pelo Estado imperial chinês<br />

(Carvalho Lyra).<br />

Certos autores como Paul Kenney consideraram a própria ideia de<br />

unidade do e<strong>no</strong>rme Império chinês levou ao fortalecimento de um clima<br />

de uniformidade pouco propício ao espírito de criação e de i<strong>no</strong>vação.<br />

Vale, todavia, lembrar que essas características da sociedade chinesa são<br />

muito anteriores à dinastia Ming ou seja não se explica porque o declínio<br />

teve início naquele período específico.<br />

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