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Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

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josé botafoGo Gonçalves<br />

sociedade chinesa e, pensar como esses aspectos devam evoluir nas<br />

próximas déca<strong>das</strong> para só então buscar definir os pontos de aproximação<br />

ou de atrito <strong>das</strong> duas sociedades.<br />

Estou partindo do pressuposto que, ao longo <strong>das</strong> próximas déca<strong>das</strong>, a<br />

relação bilateral só em parte será determinada pela conjuntura comercial<br />

ou por opções de políticas governamentais de caráter contingente. Em<br />

boa parte, a relação bilateral será determinada pela evolução interna <strong>das</strong><br />

sociedades brasileira e chinesa.<br />

Marco Azambuja, ao comentar o sucesso da sigla BRIC escreveu,<br />

com razão, que “tamanho é documento”. De fato, os quatro países<br />

que constituem os BRIC têm grandes dimensões territoriais, grandes<br />

populações, um número variado de vizinhos com os quais precisam<br />

acomodar interesses. Não obstante essas semelhanças, o <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong><br />

conjunto dos BRIC, tem uma presença assimétrica, tanto na história<br />

quanto na geografia. <strong>China</strong>, Índia e Rússia ocupam uma boa parte da Ásia<br />

e um bom pedaço da Europa. O <strong>Brasil</strong> está muito distante, <strong>no</strong> “extremo<br />

ocidente”.<br />

Na história, a <strong>no</strong>ssa assimetria é ainda mais flagrante. No período<br />

colonial, os interesses do <strong>Brasil</strong> estavam ligados a Europa ocidental e a<br />

África. No <strong>Brasil</strong> independente, Inglaterra e Estados Unidos da América<br />

se sucederam como principais forças externas a influir os desti<strong>no</strong>s da<br />

<strong>no</strong>ssa nação. Curiosamente, o processo de descolonização da América<br />

Latina <strong>no</strong> século XIX e a fixação pacífica <strong>das</strong> fronteiras do <strong>Brasil</strong> com<br />

seus vizinhos sul-america<strong>no</strong>s e europeus <strong>no</strong> início do século XX levaram<br />

a um distanciamento <strong>das</strong> relações do <strong>Brasil</strong> com os países limítrofes,<br />

fazendo do subcontinente sul-america<strong>no</strong> do ponto de vista do <strong>Brasil</strong>,<br />

um subcontinente quase sem história, exceção feita, assim mesmo<br />

discretamente, do Cone Sul. Já entre os outros três BRIC, a densidade<br />

dos problemas de convivência continua tão intenso como antes.<br />

Embora pareça evidente que os quatro países BRIC constituem um<br />

grupo heterogêneo, na história como na geografia, sobretudo o <strong>Brasil</strong>,<br />

quase um estranho <strong>no</strong> ninho, as suas respectivas sociedades, ao longe<br />

do século XX, evoluíram em direções paralelas e até certos pontos<br />

convergentes movidos por três fatores propulsivos semelhantes, a saber:<br />

educação, urbanização e mecanismos de conciliação de interesses.<br />

No <strong>Brasil</strong> independente é preciso avaliar separadamente o século XIX<br />

do século XX, Até o fim do século XIX, o <strong>Brasil</strong> econômico e político<br />

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