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Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

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jorGe arbache<br />

e produção de bens industriais, em especial dos parceiros comerciais<br />

que perseguem regimes de câmbio flutuante, como é o caso do <strong>Brasil</strong>.<br />

Thorstensen, Marçal e Ferraz (2011) estimaram os desalinhamentos<br />

cambiais e seus equivalentes tarifários obtidos através da tarificação do<br />

câmbio. Utilizando dados de 2008 a 2010, eles mostraram que, em função<br />

da valorização do real, as tarifas médias consolida<strong>das</strong> na OMC foram<br />

anula<strong>das</strong> e passaram, na sua grande maioria, a valores negativos, o que<br />

implica que o câmbio valorizado não apenas anulou o efeito <strong>das</strong> tarifas,<br />

mas incentivou as importações. Já o yuan desvalorizado funcio<strong>no</strong>u como<br />

um aumento <strong>das</strong> tarifas e, portanto, como um instrumento de proteção<br />

do mercado doméstico chinês.<br />

O comércio <strong>Brasil</strong>-<strong>China</strong> evoluiu ao longo da década passada até<br />

atingir um padrão muito bem definido: importam-se cada vez mais<br />

produtos manufaturados, incluindo-se bens de elevada tec<strong>no</strong>logia, e<br />

exportam-se cada vez mais produtos básicos e semimanufaturados<br />

intensivos em recursos naturais. Em 1989, os produtos básicos<br />

representavam 11,7% <strong>das</strong> exportações brasileiras para a <strong>China</strong>, mas, em<br />

2010, eles já haviam saltado para 83,6%. Os produtos manufaturados,<br />

que representavam 60,8% <strong>das</strong> exportações em 1989, passaram para<br />

4,5% do total em 2010 (figura 4). Nesse a<strong>no</strong>, minério de ferro e seus<br />

concentrados, sementes e oleagi<strong>no</strong>sas e petróleo responderam por nada<br />

me<strong>no</strong>s que 82% <strong>das</strong> exportações brasileiras à <strong>China</strong> 16 .<br />

Já as importações brasileiras da <strong>China</strong> experimentaram caminho<br />

inverso e vem se concentrando cada vez mais em máquinas, material<br />

elétrico, eletrônico, mecânico, instrumentos, veículos, produtos químicos,<br />

metais e suas obras e outros produtos de alto valor agregado, os quais<br />

já representam mais de 85% do total <strong>das</strong> exportações chinesas. BNDES<br />

(2010) mostra que as importações de produtos chineses já representam<br />

parcelas significativas <strong>das</strong> importações totais em vários segmentos,<br />

incluindo têxteis (42,3%), vestuário (60,7%), móveis e diversos (57,9%),<br />

máquinas e equipamentos (14,9%), material elétrico (39%), complexo<br />

eletrônico (33,6%) e produtos minerais não metálicos (28,5%). O estudo<br />

mostra, também, que, entre 2005 e 2010, dois terços do aumento do<br />

16 Chama atenção não apenas o padrão de comércio, mas a discrepância da participação da<br />

relação comercial bilateral <strong>no</strong>s respectivos fluxos de comércio: 15% <strong>no</strong> caso do <strong>Brasil</strong> e 1,9%<br />

<strong>no</strong> caso da <strong>China</strong>.<br />

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