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Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

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amaury porto de oliveira<br />

Era a própria maneira de produzir qualquer coisa que se dividia em<br />

módulos, suscetíveis de serem produzidos por fabricantes distintos e<br />

em lugares distantes entre si. Os dois processos típicos da globalização:<br />

deslocalização (offshoring) e terceirização (outsourcing) desceram ao<br />

nível desses módulos e mesmo submódulos, e o Leste Asiático destacou-se<br />

como a região do globo mais preparada para aproveitar as oportunidades<br />

de ganho ofereci<strong>das</strong> aos países emergentes. A fragmentação do processo<br />

produtivo foi especialmente incentivada por corporações americanas,<br />

buscando melhorar sua competitividade diante <strong>das</strong> concorrentes europeias<br />

e japonesas, e a <strong>China</strong> associou-se com êxito às cadeias produtivas globais<br />

(CPG) que as transnacionais iam montando para integrar suas unidades<br />

de produção, ven<strong>das</strong> e P&D, geograficamente dispersas. O interesse<br />

chinês tor<strong>no</strong>u-se ainda maior quando as CPG passaram a funcionar<br />

como celeiros de “trabalhadores do conhecimento” (<strong>no</strong>me dado por Peter<br />

Drucker aos técnicos e gerentes aptos a lidar com alta tec<strong>no</strong>logia). A<br />

<strong>China</strong> vem formando o maior contingente mundial de trabalhadores do<br />

conhecimento e tira grande proveito da inserção deles nas cadeias globais<br />

de conhecimento (CGC), a versão mais avançada <strong>das</strong> CPG.<br />

Em artigo de 2004, preparado para uma coletânea em homenagem<br />

a Keith Pavitt, o <strong>no</strong>rueguês Dieter Ernst lembra como, até época não<br />

muito distante, as atividades i<strong>no</strong>vadoras de grande complexidade eram<br />

considera<strong>das</strong> pelos eco<strong>no</strong>mistas como inamovíveis, isto é, precisavam<br />

manter-se concentra<strong>das</strong> em poucos centros de excelência, situados,<br />

sobretudo, <strong>no</strong>s EUA. Era o caso, por exemplo, com o desenho <strong>das</strong><br />

pastilhas semicondutoras, o estágio que agrega maior valor na produção<br />

dos circuitos integrados (CI). Até meados dos a<strong>no</strong>s 1980, as companhias<br />

líderes da indústria dos CI faziam “em casa” praticamente todo o desenho<br />

<strong>das</strong> suas pastilhas. Na década dos 1990, pressões pela melhoria da<br />

produtividade <strong>no</strong> estágio do desenho, combina<strong>das</strong> com as exigências<br />

cada vez maiores <strong>no</strong> desempenho dos sistemas eletrônicos, provocaram<br />

uma revolução metodológica <strong>no</strong> sequenciamento <strong>das</strong> tarefas implícitas<br />

na realização do desenho. Atingiu-se um grau de complexidade que pode<br />

exigir equipes de até 300 pessoas, trabalhando durante três ou quatro<br />

a<strong>no</strong>s, a custos assombrosos. A modularização foi-se impondo, dando<br />

<strong>no</strong>vas oportunidades a países que podiam mobilizar grande número de<br />

trabalhadores do conhecimento e dispunham de companhias dispostas a<br />

enfrentar riscos e custos excepcionais, na esperança de capturar parcelas<br />

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