13.04.2013 Views

Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

Brasil e China no Reordenamento das Relações ... - Funag

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

anna jaGuaribe<br />

Dentro de suas várias modalidades o que unifica as posições que<br />

relativizam a ascensão dos países emergentes é uma visão <strong>das</strong> relações<br />

internacionais primordialmente centra<strong>das</strong> na ideia de que o poder de<br />

negociação internacional advém do controle sobre a moeda, do poderio<br />

militar e da inserção em alianças que detenham a primazia <strong>das</strong> duas coisas.<br />

Joseph Nye em seu trabalho sobre o futuro do poder argumenta que<br />

a compreensão sobre o que constitui o poder <strong>no</strong> mundo de hoje passa<br />

pela diferenciação entre o poder como recurso e como relação.<br />

O poder relacional é o que comanda a mudança, controla as agen<strong>das</strong><br />

e estabelece preferências. Os dois tipos de poder têm uma versão “soft<br />

e hard”, mas é sobretudo o poder relacional e seu uso o “smart power”<br />

que descreve como se organizam as relações de poder hoje, isto é, a<br />

capacidade de combinar os recursos de poder nas suas formas “hard e<br />

soft”, transformando-os em estratégias 2 .<br />

Historicamente o poder estratégico foi central para os objetivos<br />

econômicos da primeira onda global de industrialização, a Inglaterra<br />

<strong>no</strong> século 19, consegue com me<strong>no</strong>s de 100 000 homens controlar e<br />

administrar mais de 300 milhões de india<strong>no</strong>s. Nos dias de hoje, segundo<br />

Nye, a capacidade e formas de poder estratégico são mais complexas<br />

porque a base de recursos de poder como força militar e moeda tem<br />

limites funcionais.<br />

Neste contexto, o que parece singularizar o momento político atual<br />

não é tanto a exaustão dos argumentos clássicos do realismo político<br />

sobre o que rege as relações de força <strong>no</strong> contexto internacional, mas<br />

sim a insuficiência deste argumento para elucidar a tênue linha que<br />

separa o político, o social e o econômico <strong>no</strong> atual pa<strong>no</strong>rama <strong>das</strong> relações<br />

internacionais.<br />

O que emerge como característica política do momento atual são<br />

as incongruências entre poder, legitimidade e eficácia na atuação <strong>das</strong><br />

potências tradicionais e o crescente número de acordos estratégicos,<br />

inter e intrarregionais entre países emergentes. A separação entre<br />

funcionalidade e poder joga a favor da abertura de oportunidades políticas<br />

e econômicas.<br />

A <strong>no</strong>vidade dos BRICS está em que nesta dinâmica, uma agenda<br />

de desenvolvimento pode se transformar em uma agenda de política<br />

internacional. No caso, países que se destacam pelo crescimento,<br />

2 Joseph S. Nye, The Future of Power, Public Affairs, New York, 2011.<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!