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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Combate à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes no turismo em Salva<strong>do</strong>r 143<br />

Humanitário de Apoio à Mulher —, “tanto o turismo <strong>sexual</strong> quanto o tráfico<br />

de mulheres se baseiam em relações de poder desiguais entre países, classes,<br />

sexos e raças/etnias engendradas e sustentadas por uma longa tradição de colonialismo,<br />

sexismo e racismo” (Chame, 1998). Essas práticas “bastante lucrativas”<br />

“têm vitima<strong>do</strong> milhares de mulheres, inclusive meni<strong>na</strong>s e a<strong>do</strong>lescentes,<br />

muitas das quais vêm sofren<strong>do</strong> toda sorte de violência, no Brasil e no exterior,<br />

não sen<strong>do</strong> poucas as que pagam com a própria vida” (Chame, 1998).<br />

No caso de Salva<strong>do</strong>r, pode-se identificar uma “intrincada cadeia que se<br />

estabelece no comércio <strong>sexual</strong>, liga<strong>do</strong> ao turismo”. Comércio esse que “se organiza<br />

em torno de um grande circuito, que compreende lugares, eventos<br />

e agentes, movimentan<strong>do</strong> milhares de reais por ano e ten<strong>do</strong> como público<br />

preferencial os turistas estrangeiros <strong>do</strong> sexo masculino” (Chame, 1998:8).<br />

Pesquisa conduzida pelo Chame indicou que “o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo feminino<br />

(prostituição e tráfico), volta<strong>do</strong> para os turistas estrangeiros”, se assenta em<br />

quatro figuras-chave:<br />

¥ facilita<strong>do</strong>r — “responsável pelas indicações e primeiros contatos entre gringo<br />

e as mulheres”, entre outras funções;<br />

¥ agencia<strong>do</strong>r;<br />

¥ mulheres, subdivididas entre garotas de programa e também “mulheres que<br />

de forma avulsa, vêm da periferia e <strong>do</strong>s subúrbios”, o que já indica que<br />

pertencem a grupos de baixa renda;<br />

¥ turistas. Quanto aos locais preferi<strong>do</strong>s pelos turistas sexuais, “as praias lideram<br />

as preferências por uma larga margem”, (69%), seguidas das boates<br />

(12,2%), em 1996 (Chame, 1998:9).<br />

Percebe-se <strong>na</strong> lógica desse comércio <strong>sexual</strong> ligações com o tráfico de mulheres<br />

para o exterior, sen<strong>do</strong> identificada “a preferência <strong>do</strong>s agencia<strong>do</strong>res por<br />

aliciar mulheres e jovens que não fazem parte <strong>do</strong> esquema da Garotas de Programa...”<br />

(Chame, 1998:14). Também foi identifica<strong>do</strong> que “a predisposição,<br />

a pouca idade e a falta de instrução das mulheres para se aventurarem em<br />

casamentos, ou desejarem um trabalho qualquer no exterior, facilita o aliciamento<br />

pelos traficantes que atuam em Salva<strong>do</strong>r ou entram e saem <strong>do</strong> país<br />

sem nenhum problema, já que aqui são vistos ape<strong>na</strong>s como turistas” (Chame,<br />

1998:14). Ainda que o Projeto Chame não trabalhe diretamente com a explo-

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