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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 349<br />

trazer essa discussão para a esfera <strong>do</strong> turismo. Para que se compreenda a a<strong>na</strong>logia<br />

existente entre a violência e o turismo, faz-se mister estabelecer alguns<br />

conceitos que relacio<strong>na</strong>m os <strong>do</strong>is universos estuda<strong>do</strong>s. Essa interposição lança<br />

diversas indagações, como: qual a relação entre o crescimento da atividade turística<br />

em Salva<strong>do</strong>r e a inclusão da localidade <strong>na</strong> rota de <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de<br />

crianças e a<strong>do</strong>lescentes? Como a história e a realidade socioeconômica e cultural<br />

da cidade influenciam para a existência <strong>do</strong> fenômeno? Por que essa questão<br />

não se configura como uma prioridade <strong>do</strong> poder público e das empresas de<br />

turismo, já que afeta invariavelmente diversas camadas <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> social?<br />

Desde já, se esclarece que não será possível responder a essas indagações<br />

neste capítulo, assim como outras questões igualmente inquietantes que, com<br />

certeza, neste momento, permeiam o pensamento de quem o lê. São questões<br />

complexas e que, certamente, possuem diversas variáveis envolvidas para a<br />

composição de uma resposta que possa ser considerada ao menos próxima<br />

de um fragmento da realidade, já que esta, de acor<strong>do</strong> com o pensamento de<br />

Weber, não pode, em hipótese alguma, ser apreendida em sua totalidade, e a<br />

ciência busca, ape<strong>na</strong>s, compreender fragmentos de um universo muito mais<br />

abrangente <strong>do</strong> que é possível observar.<br />

Entende-se que a <strong>exploração</strong> insere-se num contexto maior, o da violência.<br />

E por isso, utiliza-se o conceito <strong>do</strong> Cecria, onde a violência é considerada a categoria<br />

explicativa da vitimização <strong>sexual</strong>; “refere-se ao processo, ou seja, à <strong>na</strong>tureza<br />

de relação (de poder) estabelecida quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> abuso <strong>sexual</strong>” (Cecria, 2002).<br />

Segun<strong>do</strong> Faleiros (1998:8), a compreensão da violência envolve sua contextualização<br />

no âmbito da cultura, <strong>do</strong> imaginário, das normas, <strong>do</strong> processo<br />

civilizatório de um povo. Assim, não é válida suficientemente a análise da violência<br />

<strong>sexual</strong> interpretada de maneira isolada, pois não se faz representativa,<br />

argumentativa da realidade, dificultan<strong>do</strong> até mesmo o processo de compreensão<br />

e a tentativa de traçar soluções para a questão.<br />

O conceito de <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> comercial insere-se no contexto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> sexo, como pode ser verifica<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura 2.<br />

De acor<strong>do</strong> com Leal e Leal (2004:11), a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> comercial de<br />

crianças e a<strong>do</strong>lescentes é definida como “uma relação de mercantilização e<br />

abuso <strong>do</strong> corpo de crianças e a<strong>do</strong>lescentes por explora<strong>do</strong>res sexuais, organiza<strong>do</strong>s<br />

em redes de comercialização local e global, ou por pais, ou responsáveis,<br />

e por consumi<strong>do</strong>res de serviços sexuais pagos”.

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