O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Compromisso com a proteção de crianças e adolescentes 297 cesso de reciclagem obrigatório em programas que são desenvolvidos a cada trimestre em toda a rede hoteleira. Os treinamentos ocorrem tanto de forma presencial quanto por intermédio de videoconferências. Com base num documento público disponibilizado aos funcionários cujo título é “Capacitação de colaboradores AHI para adoção de práticas de turismo sustentável e infância”, o processo de treinamento enfatiza a questão da responsabilidade social conceituando-a como “uma das maneiras de exercitar a ética nas relações com clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, meio ambiente e comunidade”. A partir disso a AHI define bem o seu foco de atuação chamando a atenção de todos os seus colaboradores sobre a parceria com a Childhood em torno de ações contra a exploração sexual infantil, assim como sobre as instituições envolvidas com a causa e os objetivos a serem alcançados, dando muita ênfase ao vínculo direto entre turismo sustentável e infância saudável. A sensibilização dos funcionários, quanto aos riscos representados pela exploração sexual de crianças e adolescentes para a sobrevivência da empresa, pode ser verificada no material do treinamento de maneira bastante destacada: A exploração sexual de crianças e adolescentes, um dos efeitos colaterais do turismo, coloca em risco a SUSTENTABILIDADE (sobrevivência) do empreendimento, compromete a infância, o destino turístico e a EMPREGABILIDADE. Com isso, a AHI busca demonstrar que sua ação não se trata apenas de uma simples adesão a uma causa (o que por si já seria um gesto nobre), mas também representa uma forma de garantir a sustentabilidade de seu negócio na medida em que a existência de situações de exploração sexual de crianças e adolescentes no interior de seus empreendimentos pode acarretar a cassação do alvará de funcionamento da empresa, já que se configura como um crime onde tanto a AHI quanto os seus próprios funcionários estão passíveis de processo criminal e condenação judicial por facilitar tal prática. Também são feitos destaques sobre outros efeitos econômicos que a tolerância com práticas de exploração sexual infantil pode acarretar: afugenta o chamado hóspede desejado (aquele que traz a sua família) e provoca danos negativos à imagem do hotel e possivelmente à imagem da rede como um todo, gerando perdas econômicas que podem inviabilizar o negócio como ati-
298 O setor turístico versus a exploração sexual na infância e adolescência vidade econômica, o que pode significar desemprego generalizado com sérios danos também para aqueles que sobrevivem indiretamente da existência do empreendimento (motoristas de táxi, restaurantes etc.). A elaboração do material de treinamento bem como a sua realização foram precedidas da visita do chamado “hóspede oculto” a diferentes hotéis vinculados à AHI, com o intuito de diagnosticar os pontos que deveriam ser trabalhados com maior ênfase durante a realização das diversas etapas de treinamento. O hóspede oculto é mantido no anonimato quanto aos seus objetivos, ficou hospedado nas dependências dos hotéis com o objetivo exclusivo de verificar a rotina de cada um deles. No sentido de orientar as atividades cotidianas de seus funcionários para que eles pudessem saber como lidar diante de situações que se configurassem como formas de exploração sexual de crianças e adolescentes na sua rede de hotéis, a AHI produziu um manual de procedimentos, que contou com apoio técnico da ONG Resposta e da Childhood, dividido em duas partes: conceito e prática. Na parte conceitual são apresentados os significados de turismo sustentável; negócio sustentável; responsabilidade social empresarial; ética; desenvolvimento sustentável; infância; adolescência; hospitalidade; prostituição versus exploração sexual; e as causas da exploração sexual. A ênfase em tais conhecimentos visa fortalecer a argumentação diante de possíveis situações de risco em que o diálogo pode ser uma importante estratégia de convencimento, além de firmar nos treinandos a convicção sobre valores éticos e morais que fortalecem a ação em torno dessa causa. Na parte denominada prática, os destaques são para os procedimentos para a promoção do turismo sustentável e proteção das crianças e adolescentes, onde constam as condutas a serem adotadas para cada um dos setores dos hotéis quando identificadas possíveis situações de risco. Os setores enfatizados são aqueles que lidam diretamente com o público como: gerênciageral; hospedagem; governança; vendas/comercial; segurança; alimentos e bebidas. Com o treinamento dos funcionários (cerca de 2.800 já passaram por esse processo desde 2005), a AHI busca contemplar os itens 3, 4 e 5 de seu Código de Conduta. Vale destacar que o código deve ficar exposto em local visível para todos os hóspedes e em todas as unidades hoteleiras administradas pela Atlantica, conforme também prevê o item 4 do Código de Conduta.
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