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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 369<br />

lógica que elas constroem de como utilizar esse meio de vida como algo momentâneo”<br />

pensan<strong>do</strong> que podem sair dele quan<strong>do</strong> quiserem, cursan<strong>do</strong> uma<br />

faculdade, ou seja, elas teriam uma “alter<strong>na</strong>tiva”. Na percepção de Koshima<br />

(2007), elas pensam: “eu sou jovem e gostosa, não tem nenhum problema já<br />

que eu <strong>do</strong>u de graça para tanta gente”. Quanto às meni<strong>na</strong>s pobres, elas “não<br />

enxergam o outro la<strong>do</strong>, não têm alter<strong>na</strong>tiva”.<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong> ponto de vista da existência de redes, Koshima<br />

entende que “existe uma rede muito bem organizada e estruturada de <strong>exploração</strong><br />

<strong>sexual</strong> e existem n formas de aliciamento, desde uma colega que está <strong>na</strong>quela<br />

mesma situação, que ganha R$ 100 em um dia e isso é um fascínio para<br />

uma meni<strong>na</strong> dessas”. Um outro traço dessas redes é a existência de “pessoas<br />

infiltradas <strong>na</strong>s comunidades”, meni<strong>na</strong>s “muito bem arrumadas (com roupas<br />

de marca), bonitas e jogadas <strong>na</strong> comunidade”. Como “tu<strong>do</strong> que é novo chama<br />

atenção e gera curiosidade, essa meni<strong>na</strong> vai circulan<strong>do</strong> dentro da comunidade<br />

para divulgar e aguçar a curiosidade das outras meni<strong>na</strong>s”. Frente a essa “rede<br />

muito bem organizada” surpreende que tenham “pessoas que ainda pensam<br />

que essa rede é desorganizada”. É possível considerar a existência de, “vamos<br />

chamar assim, autônomos, que vão para a pista, mas, de uma forma geral, tem<br />

alguém numa rede”. Nesse contexto, “a polícia está muito envolvida nessa<br />

rede, dá apoio aos hotéis, cobertura aos alicia<strong>do</strong>res, permite que as a<strong>do</strong>lescentes<br />

estejam <strong>na</strong> rua”. Nesse senti<strong>do</strong>, relata “um caso gravíssimo”, divulga<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

televisão, de um turista estrangeiro que tinha si<strong>do</strong> pego com uma meni<strong>na</strong> e<br />

ela veio parar no Cedeca-BA sen<strong>do</strong> feito “o acolhimento” dessa meni<strong>na</strong> que,<br />

por sua vez, informou que “tinha si<strong>do</strong> estuprada diversas vezes pelos policiais<br />

<strong>do</strong> Pelourinho”. Em seu entender, “se não se acaba com a corrupção policial,<br />

se não implantar sérias políticas públicas, to<strong>do</strong> esse nosso discurso vai por<br />

água abaixo”, indican<strong>do</strong> que o problema é sistêmico, necessitan<strong>do</strong>, assim, um<br />

tratamento igualmente sistêmico.<br />

Esse depoimento, bem como a realidade conhecida confirmam que a<br />

situação brasileira combi<strong>na</strong> “características democráticas e autoritárias”<br />

(O’Donnell, 1993:133), ou seja, “a dimensão autoritária se mescla, de mo<strong>do</strong><br />

complexo e poderoso, com a democracia” (O’Donnell, 1993:133) emergin<strong>do</strong><br />

nessas áreas uma cidadania de “baixa intensidade” onde, ainda que os direitos<br />

políticos sejam respeita<strong>do</strong>s, “os camponeses, os favela<strong>do</strong>s, os índios, as mulheres<br />

etc. não conseguem normalmente receber tratamento justo nos tribu<strong>na</strong>is,

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