O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

Exploração sexual de crianças e adolescentes em Salvador 371
apedrejados, foi muito difícil”. Em sua visão, “o Cedeca foi extremamente importante
em pautar esse tema no Brasil”, não só em termos do estado da Bahia,
porque “foi aqui a primeira campanha que virou nacional, abraçada por FHC”.
O Cedeca “pautou nacionalmente esse percurso porque a primeira campanha
tem o carimbo do Cedeca Bahia e, isso ninguém tira”.
A partir dessa realização, “diversas campanhas estaduais foram criadas
e isso começa a circular”. Ela entende como “válido o trabalho” do Cedeca
pensando em “mobilização como circulação de informação e como uma possibilidade
de tomada de consciência da situação”. O Cedeca tinha consciência
de que era preciso enfrentar a situação existente e foi adotada “uma campanha
agressiva dizendo que existe, isso é crime e dá cadeia, para mostrar à população
que isso não é normal”. Prossegue Koshima historiando que, em seguida,
foi feita uma pausa, “uma reflexão”, entendendo que “hoje não há quem não
saiba que é um crime” a exploração sexual de crianças e adolescentes e isso é
“uma grande vitória”. Um outro momento foi a campanha dos versinhos, tentando
deixar claro que “a exploração sexual e o abuso sexual deixam marcas
no desenvolvimento dessas crianças e adolescentes além de ser um crime”. A
campanha visava dar às pessoas “consciência de que é uma marca negativa
nesse desenvolvimento”. Em 2001, o Cedeca começa a trabalhar em uma “vertente
dos direitos sexuais de desenvolvimento sexual saudável”: uma criança
e adolescente tem o direito de ter seus direitos sexuais desenvolvidos e saudáveis,
“batemos muito nessa tecla durante dois anos”. Na atualidade o Cedeca
adota “o discurso do Ministério do Turismo, a idéia do turismo sustentável”.
Além disso, há uma “maior abertura com o trade turístico” tentando alertar os
operadores que estão “matando a sua galinha dos ovos de ouro”, que “é preciso
pensar o turismo de forma sustentável e no longo prazo com o desenvolvimento
do turismo sexual não vai ter o turismo familiar, que é a grande injeção
de dinheiro nessa área”. O Cedeca avalia que “o discurso tem sido pautado
nessa linha e temos tido efeitos maravilhosos”.
Em termos de referenciais teóricos, o Cedeca recorre a uma “temática
recente da teoria dos direitos sexuais”, que pressupõe a idéia de que “a sexualidade
é um direito que precisa ser assegurado à criança e ao adolescente”. Havia,
anteriormente, “um discurso muito assexuado desse fenômeno”, passando
a se colocar o questionamento de “onde entra o exercício da sexualidade saudável?”.
Percebia-se “um moralismo muito grande na boca dos técnicos, dos