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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Combate à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes no turismo em Salva<strong>do</strong>r 161<br />

forte elemento de explicação. Ainda que esteja fortemente associada à questão<br />

da pobreza, pois a grande maioria das meni<strong>na</strong>s e a<strong>do</strong>lescentes pobres envolvidas<br />

<strong>na</strong> rede da <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> é negra, parece que o componente étnico<br />

tem também uma especificidade. Associada a essa questão étnica está outra<br />

questão importante que seria uma <strong>sexual</strong>idade mais explícita apresentada por<br />

países tropicais e por determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos étnicos. Sabe-se que é passada<br />

“uma imagem, lá fora, das nossas meni<strong>na</strong>s negras bonitas” (Barros, 2007).<br />

“Diversos países conhecem o Brasil ape<strong>na</strong>s pela mulata que está <strong>na</strong> propaganda...<br />

acho que é uma questão que é cultural mesmo, de passar essa imagem da<br />

mulher exótica, da erotização da mulher baia<strong>na</strong>” (Santos, 2007).<br />

Uma visão um tanto diferenciada aponta que “a tônica, para os europeus,<br />

não é a questão <strong>do</strong> tom de pele. A tônica é ser mestiça, ser brasileira, e por<br />

ser brasileira, ter essa mentalidade, de aceitação, de querer reproduzir. Eles<br />

não vão pelo tom de pele, e sim pela cultura, pelas características <strong>do</strong> país”<br />

(Santos, 2007). Na opinião de Leite (2007), o determi<strong>na</strong>nte não seria a etnia,<br />

“não é o gosto pela mulher negra. É sim pela condição de vulnerabilidade que<br />

ela apresenta. Pela fragilização dela e <strong>do</strong> país que oferece mulheres, como <strong>na</strong>s<br />

propagandas <strong>do</strong> Brasil com mulheres seminuas”. Mais ainda, <strong>na</strong> percepção da<br />

educa<strong>do</strong>ra, se “para nós aqui existem diferenças no mo<strong>do</strong> de vestir, no cabelo,<br />

no tom de pele, no trato de uma meni<strong>na</strong> da Graça e uma meni<strong>na</strong> de Periperi,<br />

eles não vêem essas diferenças, para eles, todas somos brasileiras e estamos <strong>na</strong><br />

mesma panela” (Leite, 2007).<br />

A questão <strong>do</strong> turismo <strong>sexual</strong> tem si<strong>do</strong> fortemente associada à questão da<br />

mulher negra. Leite (2007) traz um outro olhar, incorporan<strong>do</strong> outros elementos<br />

ao ressaltar também a mulher indíge<strong>na</strong> ou a cultura indíge<strong>na</strong> em geral. “O<br />

indíge<strong>na</strong> tem uma cultura muito livre (...) e até mesmo o negro que, às vezes,<br />

também usavam peitos desnu<strong>do</strong>s.” Por outro la<strong>do</strong>,<br />

os europeus têm uma moralidade cristã e vêem isso como um peca<strong>do</strong>. A deco-<br />

dificação e a leitura <strong>do</strong> europeu com relação aos brasileiros não é respeitan<strong>do</strong> a<br />

nudez <strong>do</strong> índio, e, sim, aproveitan<strong>do</strong> a nudez <strong>do</strong> índio para conseguir descarre-<br />

gar todas as suas repressões sexuais atribuídas pela Igreja, que sempre colocou<br />

que isso é um peca<strong>do</strong>. O Brasil é visto <strong>na</strong> idéia de que “não existe peca<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

la<strong>do</strong> de baixo <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r”, sem fazer essa referência de que para essa <strong>na</strong>ção isso<br />

é <strong>na</strong>tural, sem essa percepção de peca<strong>do</strong>.<br />

(Leite, 2007)

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