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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

inefetivos coexistem com esferas de poder autônomas, também baseadas territorialmente<br />

e se tor<strong>na</strong>m ostensivamente incapazes de promulgar regulações<br />

efetivas da vida social em seus territórios e seus sistemas de estratificação”<br />

(O’Donnell, 1993:128). Nesses países, “a efetividade de uma ordem <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

corporificada <strong>na</strong> lei e <strong>na</strong> autoridade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> desaparece tão logo deixamos<br />

os centros urbanos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is”, ponderan<strong>do</strong> ainda que “mesmo nestes é visível<br />

a evaporação funcio<strong>na</strong>l e territorial da dimensão pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”. Essa reflexão<br />

pode ser facilmente aplicada à questão <strong>do</strong> turismo <strong>sexual</strong> pensan<strong>do</strong> em<br />

termos de alguns resorts e empreendimentos <strong>turístico</strong>s distantes <strong>do</strong>s centros<br />

urbanos (como seria o caso, por exemplo, da Costa <strong>do</strong> Sauípe ou Morro de São<br />

Paulo). Pode ser aplicada também à questão da violência ou prostituição de<br />

jovens <strong>na</strong>s estradas perpetrada por caminhoneiros, entre outros. Mas, como o<br />

próprio autor afirma, isso não é exclusividade <strong>do</strong>s lugares distantes <strong>do</strong>s centros<br />

urbanos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e pode ser visto pelo “crescimento <strong>do</strong> crime” além das<br />

“intervenções ilegais da polícia em bairros pobres”, ou seja, não precisa haver<br />

distanciamento <strong>do</strong>s centros urbanos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, e também da “negação de direitos<br />

a mulheres e a várias minorias, a impunidade <strong>do</strong> comércio de drogas e o<br />

grande número de crianças aban<strong>do</strong><strong>na</strong>das <strong>na</strong>s ruas” (O’Donnell, 1993:129), e,<br />

conseqüentemente, disponíveis para <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong>. É oportuno observar<br />

que nesses 14 anos dessa reflexão de O’Donnell a situação social se deteriorou<br />

tanto que a periferia cada vez se aproxima mais <strong>do</strong> centro e, assim, fenômenos<br />

que eram típicos da periferia acabam penetran<strong>do</strong> nos centros e se tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />

mais visíveis, como o caso da <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Mais especificamente, O’Donnell localiza em partes <strong>do</strong> Nordeste e toda<br />

a Amazônia no Brasil áreas onde ocorre a “evaporação da dimensão pública<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>” e onde “alguns direitos e garantias de legalidade democrática não<br />

têm nenhuma efetividade” (O’Donnell, 1993:130). Nessas áreas se constituem<br />

sistemas de poder privatiza<strong>do</strong> ainda que muitos <strong>do</strong>s atores principais ocupem<br />

cargos no aparelho <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> um nível muito baixo ou nulo das<br />

dimensões funcio<strong>na</strong>l e territorial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Nessas áreas os parti<strong>do</strong>s políticos,<br />

ainda que parte <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, constituem “máqui<strong>na</strong>s perso<strong>na</strong>listas<br />

avidamente dependentes das prebendas que podem extrair das agências estatais<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e locais” basean<strong>do</strong> sua atuação também no nepotismo e no<br />

clientelismo (O’Donnell, 1993:130). O interesse <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res nessas áreas<br />

normalmente é “muito limita<strong>do</strong>: sustentar o sistema de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção privatiza-

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