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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

Carvalho (2005) também aporta evidências convergentes com as supracitadas<br />

ao afirmar que o Brasil construiu alguns grandes movimentos políticos<br />

nos anos mais recentes: o movimento das Diretas Já, a Constituição de 1988<br />

e o impeachment de Collor. Com a rejeição <strong>do</strong> primeiro, a população “humilhada<br />

e ofendida” voltou às ruas para lutar pelo impeachment, o que deu aos<br />

cidadãos “a sensação inédita de que podiam exercer algum controle sobre os<br />

gover<strong>na</strong>ntes” (Carvalho, 2005:205). A nova Constituição apresentou alguns<br />

avanços apreciáveis, tais como, o direito de habeas data, a definição <strong>do</strong> racismo<br />

como “i<strong>na</strong>fiançável e não-anistiável” (Carvalho, 2005:209) ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> cria<strong>do</strong><br />

também o Programa Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s Direitos Humanos em 1996. Em que pesem<br />

esses avanços “<strong>do</strong>s direitos que compõem a cidadania, no Brasil são ainda os<br />

civis que apresentam as maiores deficiências em termos de seu conhecimento,<br />

extensão e garantias” (Carvalho, 2005:210) encontran<strong>do</strong>-se um atesta<strong>do</strong> disso<br />

em uma pesquisa realizada <strong>na</strong> Região Metropolita<strong>na</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro em<br />

1997, onde “57% <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s não sabiam mencio<strong>na</strong>r um só direito e só<br />

12% mencio<strong>na</strong>ram algum direito civil” (Carvalho, 2005). Percebe-se, assim, a<br />

enorme distância entre o que estabelece a lei e o que sente a população, assim<br />

como também a distância enorme entre a lei e sua efetividade, como veremos a<br />

seguir. A pesquisa mostra também como a educação é um fator-chave e decisivo,<br />

pois esse desconhecimento caía de 64% <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s que tinham ape<strong>na</strong>s<br />

até a 4 a série para 30% <strong>do</strong>s que tinham o 3 o grau, mesmo que incompleto<br />

(Carvalho, 2005). Em um país onde ainda grassa o a<strong>na</strong>lfabetismo, em sua<br />

forma pura ou funcio<strong>na</strong>l, pode-se perceber o tamanho da tragédia. O quadro<br />

se completa e agrava quan<strong>do</strong> se introduz a questão da polícia e <strong>do</strong> Judiciário.<br />

No primeiro caso, a população em geral “ou teme o policial, ou não lhe tem<br />

confiança” (Carvalho, 2005:214). Quanto ao segun<strong>do</strong>, este “não cumpre seu<br />

papel”, sen<strong>do</strong> o acesso à justiça “limita<strong>do</strong> à peque<strong>na</strong> parcela da população”<br />

(Carvalho, 2005). Como já dito, a maioria desconhece seus direitos ou, então,<br />

“não tem condições de os fazer valer” (Carvalho, 2005). Entre os grandes<br />

entraves estão “os custos e a demora <strong>do</strong> processo judicial” (Carvalho, 2005) e<br />

a incapacidade da maioria de arcar com a contratação de um advoga<strong>do</strong>. Uma<br />

possível solução, os defensores públicos, “são em número insuficiente para<br />

atender à demanda” (Carvalho, 2005:215). Tu<strong>do</strong> isso acaba geran<strong>do</strong> “a descrença<br />

da população <strong>na</strong> justiça e o sentimento de que ela funcio<strong>na</strong> ape<strong>na</strong>s para

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