15.06.2013 Views

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 339<br />

<strong>do</strong> que os elegeu e ca<strong>na</strong>lizar para esse sistema tantos recursos estatais quanto<br />

possível” (O’Donnell, 1993:131). O sucesso de suas ações se consubstancia<br />

<strong>na</strong> “troca de ‘favores’ com o Executivo e diversas burocracias estatais” e<br />

no “controle das agências estatais que fornecem esses recursos” (O’Donnell,<br />

1993:131). Em síntese, nos países com extensas áreas <strong>na</strong>s condições descritas,<br />

“as democracias se baseiam em um Esta<strong>do</strong> esquizofrênico: ele mistura de mo<strong>do</strong><br />

complexo, funcio<strong>na</strong>l e territorialmente, importantes características democráticas<br />

e autoritárias” (O’Donnell, 1993:133), ou seja, “a dimensão autoritária<br />

se mescla, de mo<strong>do</strong> complexo e poderoso, com a democracia” (O’Donnell,<br />

1993:133). Essas áreas apresentam uma “cidadania de “baixa intensidade”<br />

onde, <strong>na</strong> verdade, os direitos políticos são respeita<strong>do</strong>s, “[m]as os camponeses,<br />

os favela<strong>do</strong>s, os índios, as mulheres etc. não conseguem normalmente receber<br />

tratamento justo nos tribu<strong>na</strong>is, ou obter <strong>do</strong>s órgãos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> serviços aos<br />

quais têm direito, ou estar a salvo da violência policial — e mais um extenso<br />

etc.” (O’Donnell, 1993:134). Certamente nesse “extenso etc.” podemos incluir<br />

a violência contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes <strong>na</strong> área <strong>do</strong> turismo <strong>sexual</strong> revelan<strong>do</strong><br />

“a inefetividade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-enquanto-lei” (O’Donnell, 1993:134).<br />

Nas situações descritas estaríamos frente a um tipo de democracia onde<br />

alguns requisitos desta são atendi<strong>do</strong>s enquanto outros estão completamente<br />

deficitários, o que motiva a caracterização de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s países, entre eles<br />

o Brasil e a maioria das <strong>na</strong>ções da América Lati<strong>na</strong>, como democracias delegativas.<br />

Esses países que não exibem uma democracia representativa típica, se<br />

encaixam em um outro tipo, a democracia delegativa, que comporta as seguintes<br />

características principais: o presidente que ganha a eleição “é autoriza<strong>do</strong><br />

a gover<strong>na</strong>r o país como lhe parecer conveniente” passan<strong>do</strong> a encar<strong>na</strong>r o interesse<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (O’Donnell, 1991:30). Além disso, o seu programa de governo<br />

“não precisa guardar nenhuma semelhança” com o que prometeu <strong>na</strong> campanha<br />

(O’Donnell, 1991). Assim sen<strong>do</strong>, ele se coloca como acima de to<strong>do</strong>s os<br />

“parti<strong>do</strong>s políticos e <strong>do</strong>s interesses organiza<strong>do</strong>s” (O’Donnell, 1991:30). Nesse<br />

desenho, instituições, como o Congresso e o Judiciário, são vistas como “incômo<strong>do</strong>s”<br />

e a prestação de contas a essas instituições e outras aparece como um<br />

“impedimento desnecessário à ple<strong>na</strong> autoridade que o presidente recebeu a<br />

delegação de exercer” (O’Donnell, 1991:31). Após a eleição, “espera-se que os<br />

eleitores/delegantes retornem à condição de especta<strong>do</strong>res passivos, mas quem<br />

sabe anima<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> que o presidente faz” (O’Donnell, 1991:31). Uma outra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!