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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

de que a violência sempre esteve presente <strong>na</strong> história da humanidade, articulan<strong>do</strong>-se<br />

ao nível de desenvolvimento e grau civilizatório de cada sociedade,<br />

ou seja, a cada processo histórico específico. No caso <strong>do</strong> Brasil, “necessita estar<br />

contextualizada no passa<strong>do</strong> de colonização e escravidão” (Koshima, 2006:34).<br />

A partir daí originou-se uma grande desigualdade social segregan<strong>do</strong> “algumas<br />

categorias sociais por critérios como raça, cor, gênero e idade” (Koshima,<br />

2006). Para Faleiros (apud Koshima, 2006:34), essa trajetória originou<br />

uma <strong>sexual</strong>idade: “(...) machista, sexista, adultocêntrica, ainda vigente. Essas<br />

categorias sociais <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>das (negros, índios, escravos, mulheres e crianças<br />

pobres) viram-se, durante séculos, e até hoje, excluídas, da escola, da profissio<strong>na</strong>lização,<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, <strong>do</strong>s serviços de saúde, da habitação, da<br />

cultura, <strong>do</strong> consumo”.<br />

Também é importante chamar a atenção para uma situação estrutural da<br />

sociedade brasileira. “Na verdade <strong>na</strong> <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> e comercial de crianças<br />

e a<strong>do</strong>lescentes, o turismo é um elemento, um fator viabiliza<strong>do</strong>r disso em<br />

alguns lugares. A questão é bem maior <strong>do</strong> que o turismo. Tem isso em outros<br />

lugares que não tem turismo nem de longe, e tem a <strong>exploração</strong>” (Kalil, 2007).<br />

Na análise dessa questão, “tem que se pensar abuso e <strong>exploração</strong> sempre” em<br />

conjunto, “porque abuso é um problema real, não é à toa que mais de 50%<br />

das crianças que sofrem abuso são abusadas por pessoas conhecidas, e não<br />

pelo explora<strong>do</strong>r. Não se pode ficar falan<strong>do</strong> no turismo e deixan<strong>do</strong> o problema<br />

que está em casa” (Kalil, 2007). Outro ângulo desse problema reside no fato<br />

de que “a <strong>exploração</strong> aparece antes <strong>do</strong> abuso, pois a <strong>exploração</strong> você pode<br />

tratar sem mexer nos tabus, e o abuso você tem que enfrentar coisas muito<br />

mais difíceis. A <strong>exploração</strong> é como se fosse uma coisa da rua, de fora e o abuso<br />

é pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente um problema familiar, e isso é muitíssimo mais difícil”<br />

(Kalil, 2007).<br />

Na avaliação <strong>do</strong> Cedeca, essa ONG voltava-se origi<strong>na</strong>lmente para atender<br />

ao público vítima de <strong>exploração</strong>, “mas com o tempo percebeu-se que a demanda<br />

maior é para o abuso. Hoje, nossa população esmaga<strong>do</strong>ra é de abuso”<br />

(Barros, 2007). Em outras palavras, ainda que a questão da <strong>exploração</strong> seja<br />

preocupante existe uma questão mais de fun<strong>do</strong> que é o abuso <strong>sexual</strong>, que<br />

certamente ajuda a entender a questão da <strong>exploração</strong> como uma “saída”, isto<br />

é, por mais para<strong>do</strong>xal e mesmo absur<strong>do</strong> que seja, a <strong>exploração</strong> seria uma alter<strong>na</strong>tiva,<br />

até uma fuga ao abuso. Na raiz desse fenômeno to<strong>do</strong>, parece residir a

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