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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

Complementa a educa<strong>do</strong>ra seu raciocínio apontan<strong>do</strong> que “não é pelo<br />

fato de eu estar desnuda que os outros possam me tocar. Desnuda é minha<br />

situação <strong>na</strong>tural, comum, é a minha cultura, pelo clima, tradição, pelo que<br />

quer que seja”. Nesse contexto se posicio<strong>na</strong> defenden<strong>do</strong> não achar “sadio não<br />

permitir que as brasileiras usem biquíni curto. Biquíni curto faz parte da [nossa]<br />

cultura” assim como rejeitan<strong>do</strong> que isso seja “vendi<strong>do</strong> para atrair pessoas<br />

que tenham essa mentalidade de que isso é um peca<strong>do</strong>, e que venham para cá<br />

para usufruir disso”. Assim, “são leituras distintas dessa posse da <strong>sexual</strong>idade<br />

<strong>do</strong> outro”.<br />

A equipe <strong>do</strong> Sentinela, ao buscar as motivações para o turismo <strong>sexual</strong>, relembra<br />

que “o governo, <strong>na</strong>s décadas de 70 e 80, fez aquelas propagandas com<br />

aquelas mulheres bonitas, jovens, bundas, negras etc. Isso é vendi<strong>do</strong> lá fora e<br />

é uma realidade. Quem gostaria de ver sua mãe lá?” Então, “vinha vôo charter,<br />

fecha<strong>do</strong>, principalmente para o Nordeste”. Em seguida, arremata “olhe, onde<br />

há miséria impera a ignorância, esse erro é aqui, é <strong>na</strong> África, <strong>na</strong> Tailândia,<br />

infelizmente é isso e o tráfico de seres humanos está tu<strong>do</strong> envolvi<strong>do</strong>” (Vasconcelos,<br />

2007).<br />

Salva<strong>do</strong>r, e o Brasil, durante muito tempo foi sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> para essa de-<br />

manda turística utilizan<strong>do</strong> a imagem da mulher como atrativo <strong>do</strong> nosso país, <strong>do</strong><br />

nosso município, dizen<strong>do</strong> que a mulher aqui é fácil, isso sen<strong>do</strong> propaga<strong>do</strong> de<br />

forma muito forte dentro e fora <strong>do</strong> país, porque quan<strong>do</strong> você fala de turismo não<br />

fala só <strong>do</strong>s americanos e europeus, mas também de outros esta<strong>do</strong>s e municípios<br />

para cá.<br />

(Araújo, 2007)<br />

Prossegue Araújo apontan<strong>do</strong> que “Salva<strong>do</strong>r é uma cidade extremamente<br />

<strong>sexual</strong>izada pela sua música, pela sua dança, pelo seu jeito de se vestir, clima.<br />

Isso deveria ser considera<strong>do</strong> <strong>na</strong>tural e normal e não como um objeto de sedução<br />

para o sexo”. Argumenta o entrevista<strong>do</strong> que “se acredita muito que a<br />

meni<strong>na</strong> por estar de short, saia, roupa curta ela está se oferecen<strong>do</strong>”.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, pergunta, qual seria o papel da praia? “A praia é um ‘puteiro’<br />

— desculpe o termo —, por to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> estar se oferecen<strong>do</strong>?” (Araújo,<br />

2007). Ele próprio responde discordan<strong>do</strong> dessa visão, “não é verdade isso!”<br />

ponderan<strong>do</strong>: “e se a meni<strong>na</strong> estiver de roupa curta ou a mulher estiver de

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