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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 317<br />

da pobreza e da desigualdade crian<strong>do</strong> relações profundamente assimétricas<br />

entre o turista <strong>sexual</strong> e as jovens locais, ainda um outro fator tem que ser considera<strong>do</strong><br />

fundamental no contexto da cidade de Salva<strong>do</strong>r, a saber, a questão<br />

étnica crian<strong>do</strong> uma combi<strong>na</strong>ção explosiva.<br />

O fator exotismo é um <strong>do</strong>s que mais alimentam os anseios <strong>do</strong> turista que<br />

busca satisfação <strong>do</strong>s seus desejos sexuais. Os tipos étnicos diferentes <strong>do</strong>s que<br />

esses turistas estão acostuma<strong>do</strong>s em suas cidades/países são os mais aprecia<strong>do</strong>s,<br />

os mais procura<strong>do</strong>s. No Nordeste brasileiro, onde a miscige<strong>na</strong>ção é forte,<br />

a <strong>exploração</strong> atinge mais certeiramente meni<strong>na</strong>s negras, indíge<strong>na</strong>s ou com<br />

destacadas características de mistura de “raças”.<br />

Em Salva<strong>do</strong>r, cidade com a maior população negra <strong>do</strong> país, a principal<br />

oferta para o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> turismo <strong>sexual</strong> é de meni<strong>na</strong>s negras, situação agravada<br />

por ser uma cidade com eleva<strong>do</strong>s índices de desigualdade e esta atingir<br />

com mais facilidade pessoas de baixo nível socioeconômico, estrato onde a<br />

concentração de negros ultrapassa a de brancos.<br />

Portanto, <strong>do</strong>is podem ser considera<strong>do</strong>s os principais fatores que contribuem<br />

para a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes negros no turismo<br />

de Salva<strong>do</strong>r: a maioria negra habitante da cidade/esta<strong>do</strong> e o esta<strong>do</strong> de pauperização<br />

em que essa população se encontra, esta<strong>do</strong> de vulnerabilidade socioeconômica<br />

que dificulta o acesso a meios dignos de sustentabilidade, colocan<strong>do</strong><br />

essas pessoas à mercê da sorte e <strong>do</strong>s explora<strong>do</strong>res de to<strong>do</strong>s os tipos.<br />

Baseada em Leal, Koshima lembra oportu<strong>na</strong>mente que “a desigualdade<br />

estrutural da sociedade brasileira é constituída não só pela <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ção de<br />

classes, como também de gênero e raça, sen<strong>do</strong> marcada também pelo autoritarismo<br />

<strong>na</strong>s relações adulto/criança” evidencian<strong>do</strong>-se no fato de a “maioria das<br />

vítimas da <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> ser de mulheres, negras ou mulatas” (Koshima,<br />

2006:35). Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 1980-2000 levanta<strong>do</strong>s pelo Unicef constataram<br />

que “enquanto os a<strong>do</strong>lescentes negros <strong>do</strong> sexo masculino são as principais<br />

vítimas <strong>do</strong>s homicídios, as meni<strong>na</strong>s negras e indíge<strong>na</strong>s são as principais vítimas<br />

da <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> sen<strong>do</strong> o <strong>do</strong>bro das demais” (Koshima, 2006). Essa<br />

questão, por sua vez, tem que ser associada à outra que a complementa, a de<br />

uma <strong>sexual</strong>idade mais explícita nos países tropicais e por determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos<br />

étnicos. É passada “uma imagem, lá fora, das nossas meni<strong>na</strong>s negras bonitas”<br />

(Barros, 2007) e “diversos países conhecem o Brasil ape<strong>na</strong>s pela mulata<br />

que está <strong>na</strong> propaganda (...); acho que é uma questão que é cultural mesmo,

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