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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

de passar essa imagem da mulher exótica, da erotização da mulher baia<strong>na</strong>”<br />

(Santos, 2007).<br />

Na visão da equipe <strong>do</strong> Sentinela, essa imagem começou a ser construída<br />

pelo “governo, <strong>na</strong>s décadas de 70 e 80, [quan<strong>do</strong>] fez aquelas propagandas com<br />

aquelas mulheres bonitas, jovens, bundas, negras etc. Isso é vendi<strong>do</strong> lá fora e<br />

é uma realidade (...) Então, vinha vôo charter, fecha<strong>do</strong>, principalmente para o<br />

Nordeste” (Vasconcelos, 2007). Um outro depoimento revela que<br />

Salva<strong>do</strong>r, e o Brasil, durante muito tempo foi sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> para essa de-<br />

manda turística utilizan<strong>do</strong> a imagem da mulher como atrativo <strong>do</strong> nosso país, <strong>do</strong><br />

nosso município, dizen<strong>do</strong> que a mulher aqui é fácil, isso sen<strong>do</strong> propaga<strong>do</strong> de<br />

forma muito forte dentro e fora <strong>do</strong> país, porque quan<strong>do</strong> você fala de turismo não<br />

fala só <strong>do</strong>s americanos e europeus, mas também de outros esta<strong>do</strong>s e municípios<br />

para cá.<br />

(Araújo, 2007)<br />

No contexto específico é oportuno registrar que “Salva<strong>do</strong>r é uma cidade<br />

extremamente <strong>sexual</strong>izada pela sua música, pela sua dança, pelo seu jeito de<br />

se vestir, clima (...)” e “se acredita muito que a meni<strong>na</strong> por estar de short, saia,<br />

roupa curta ela está se oferecen<strong>do</strong>” quan<strong>do</strong> “isso deveria ser considera<strong>do</strong> <strong>na</strong>tural<br />

e normal e não como um objeto de sedução para o sexo” (Araújo, 2007).<br />

Defenden<strong>do</strong> o direito da <strong>sexual</strong>idade da jovem, Araújo identifica que “o problema<br />

está <strong>na</strong> relação de <strong>sexual</strong>idade que é estabelecida entre essa a<strong>do</strong>lescente<br />

com esse sujeito adulto, <strong>na</strong> ‘objetação’, o comércio de troca que é o que ocorre<br />

com a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> e <strong>do</strong> abuso” (Araújo, 2007).<br />

Muito se fala sobre o Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente (ECA) como o<br />

principal elenco de leis responsáveis pela proteção de jovens contra toda forma<br />

de maus-tratos. Decerto que, desde a promulgação da Constituição Federal <strong>na</strong><br />

década de 1980 e a posterior vinda <strong>do</strong> ECA <strong>na</strong> de 1990, rei<strong>na</strong> no âmbito das<br />

leis uma preocupação com um ambiente livre de danos ao desenvolvimento e<br />

formação <strong>do</strong> público que trafega entre a infância e a a<strong>do</strong>lescência. Lança<strong>do</strong>s ao<br />

status de sujeitos de direitos, crianças e a<strong>do</strong>lescentes passaram a contar legalmente<br />

com uma proteção que esbarra ainda hoje numa cultura perigosamente<br />

machista e despreza<strong>do</strong>ra de direitos humanos como o é uma parte da sociedade<br />

brasileira, sem contar com o descaso de autoridades que não buscam

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