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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

Cedeca tenta “desconstruir esta imagem, mostrar a importância da defesa<br />

das crianças e a<strong>do</strong>lescentes” (Koshima, 2007). Por fim, Koshima vê a necessidade<br />

de “um somatório de ações”, entenden<strong>do</strong> que “o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Turismo</strong> está em um bom caminho”.<br />

Mais para a área da Justiça <strong>do</strong> que da polícia, é imprescindível trazer<br />

a questão da impunidade. Na visão de Luis Araújo <strong>do</strong> Cedeca “quem está<br />

cometen<strong>do</strong> um crime precisa pagar por esse crime”. Existe, no entanto, “um<br />

clima de muita impunidade circulan<strong>do</strong>. Vamos supor de que 10 milhões de<br />

denúncias em relação à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong>, 100.000 foram encaminhadas e 20<br />

instaura<strong>do</strong>s inquéritos, poucos encaminha<strong>do</strong>s e nenhum fi<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>. É o caso<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia” (Araújo, 2007). Daí, poder-se-ia, então, concluir que “não<br />

temos explora<strong>do</strong>res sexuais? Porque é isso que os números passam. Então<br />

essas pessoas estão soltas, pagaram fiança e pronto, então se cria um clima de<br />

impunidade”. Com isso, prossegue, as pessoas se perguntam: “por que eu vou<br />

denunciar se não acontece <strong>na</strong>da? O país está assim, e falam que o problema<br />

está lá, longe de mim” (Araújo, 2007). A situação exposta coadu<strong>na</strong>-se com<br />

a reflexão da existência de uma “longa tradição de ignorar a lei ou, quan<strong>do</strong><br />

ela é acatada, de torcê-la em favor <strong>do</strong>s poderosos (...)” identifican<strong>do</strong>-se uma<br />

“escandalosa impunidade crimi<strong>na</strong>l” por parte desses privilegia<strong>do</strong>s (O’Donnell,<br />

1998:45). Converge também com a constatação da “espantosa convivência<br />

entre a liberdade e a freqüência de denúncias e sua quase absoluta ineficácia”<br />

(Santos, 1994:111) onde “as denúncias, no Brasil, tendem a cair no vazio, assim<br />

como os crimes no esquecimento” e uma “crescente leveza da pe<strong>na</strong>, com<br />

o correr <strong>do</strong> tempo” (Santos, 1994:111).<br />

Importa também identificar como a sociedade se comporta e se manifesta<br />

a respeito dessa questão. “A sociedade ainda está começan<strong>do</strong> a perceber<br />

que o fenômeno existe (...) a questão da violência <strong>sexual</strong> ainda é cercada de<br />

tabus” (Santos, 2007). Na mesma linha, existe a percepção de que a sociedade<br />

ainda não se encontra conscientizada <strong>do</strong> problema, pois “ainda tem o pensamento<br />

muito machista, preconceituoso, individualista”, não haven<strong>do</strong> preocupação<br />

quan<strong>do</strong> o problema é com outros (Araújo, 2007). Nessa situação, o<br />

trabalho <strong>do</strong> Cedeca é mais para “prevenção e sensibilização”, de “fazer com<br />

que as pessoas entendam o fenômeno da violência <strong>sexual</strong>” (Araújo, 2007),<br />

pois “está faltan<strong>do</strong> a reflexão de alguns <strong>setor</strong>es da sociedade, instituições”.<br />

Nos relatos recolhi<strong>do</strong>s pode-se observar a existência, senão exatamente de

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