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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Combate à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes no turismo em Salva<strong>do</strong>r 157<br />

A educa<strong>do</strong>ra ainda questio<strong>na</strong> outro aspecto que é “esse discurso da igualdade.<br />

Porque nós assimilamos a questão <strong>do</strong> turismo <strong>sexual</strong> somente com as<br />

mulheres muito pobres? Por que as mulheres muito pobres não têm o direito<br />

de gostar, de <strong>na</strong>morar, de casar, de ficar com esse estrangeiro?” (Leite, 2007).<br />

A educa<strong>do</strong>ra levanta uma questão central ao perguntar: “por que nós questio<strong>na</strong>mos<br />

o turismo <strong>sexual</strong> quan<strong>do</strong> é com uma meni<strong>na</strong> negra e pobre, e não<br />

questio<strong>na</strong>mos quan<strong>do</strong> é com uma meni<strong>na</strong> de classe média, uma meni<strong>na</strong> que<br />

mora, por exemplo, <strong>na</strong> Graça [bairro de classe média alta]?”. E <strong>na</strong> seqüência:<br />

“por que a sociedade vê a meni<strong>na</strong> de, por exemplo, Periperi [subúrbio] como<br />

a possível vítima, e não a da Graça?” (Leite, 2007). Em seu entender, “quan<strong>do</strong><br />

existe uma relação da classe média com o estrangeiro, nós percebemos isso<br />

como uma relação de igualdade, e quan<strong>do</strong> é com uma meni<strong>na</strong> pobre, vemos<br />

como uma relação assimétrica” (Leite, 2007). Isso a leva a questio<strong>na</strong>r: “onde<br />

está a diferença dele usufruir desta da classe média ou da meni<strong>na</strong> pobre? Para<br />

ele, as duas são iguais, elas não têm diferenças. É mulher brasileira!” (Leite,<br />

2007).<br />

Especifican<strong>do</strong> melhor essa situação, “a meni<strong>na</strong> da Graça tem renda familiar<br />

entre, vamos supor, 3 a 4 mil reais, estuda em uma escola particular ou<br />

universidade paga”, o que não quer dizer muito “porque a casa é fi<strong>na</strong>nciada, o<br />

carro é fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong> (...)”. A educa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Viver também identifica um “desejo<br />

dessa meni<strong>na</strong> de querer sair <strong>do</strong> país porque este não dá perspectiva e ela já<br />

está ven<strong>do</strong> que os pais tiveram um declínio palpável” (Leite, 2007). E a própria<br />

mídia reforça esse desejo com propaganda constante <strong>do</strong> tipo, “‘Você pode<br />

ser um empreende<strong>do</strong>r, pode viver melhor, vá para os EUA, tem que aprender<br />

línguas’...” (Leite, 2007). Nesse contexto, “os filhos percebem que os pais, a<br />

família, não vão poder dar tu<strong>do</strong> isso. A meni<strong>na</strong> percebe que terá que lutar por<br />

ela mesma. Essa coisa de que tem que aproveitar a oportunidade, agarrar a<br />

chance que aparece (...), o casamento, agarrar a possibilidade de ir embora,<br />

de trabalhar num outro país” (Leite, 2007). Assim, uma grande mudança reside<br />

no fato de que “não é só a meni<strong>na</strong> pobre que pensa no casamento, mas<br />

também a da classe média, que pensa no crescimento profissio<strong>na</strong>l dela... e ela<br />

acaba embarcan<strong>do</strong> <strong>na</strong> mesma” (Leite, 2007).<br />

Um contraponto interessante se revela <strong>na</strong> questão seguinte: “por que tem<br />

tanto turismo <strong>sexual</strong> aqui [em Salva<strong>do</strong>r] e em Porto Alegre menos? Lá também<br />

tem pobreza”. A resposta “não tem a ver só com pobreza, tem a ver com

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