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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 345<br />

os ricos, ou antes, de que ela não funcio<strong>na</strong>, pois os ricos não são puni<strong>do</strong>s e os<br />

pobres não são protegi<strong>do</strong>s” (Carvalho, 2005).<br />

A conformação <strong>do</strong> la<strong>do</strong> não-poliárquico <strong>na</strong> construção de Santos (1994)<br />

também se expressa no indica<strong>do</strong>r de que 83% <strong>do</strong>s adultos “não são filia<strong>do</strong>s<br />

nem a parti<strong>do</strong> político, nem a associação comunitária, sen<strong>do</strong> a rejeição crescente<br />

conforme a renda e conforme a escolaridade” (Santos, 1994:96), assim<br />

como 82% das pessoas ocupadas “não eram filiadas a sindicato ou a qualquer<br />

associação profissio<strong>na</strong>l de emprega<strong>do</strong>s” (Santos, 1994:98). Todas essas evidências<br />

levam a postular “a existência de uma cidadania não-poliárquica —<br />

alie<strong>na</strong>da eleitoralmente e refratária a políticos e à participação partidária —,<br />

conviven<strong>do</strong> em interações de merca<strong>do</strong> e de to<strong>do</strong> tipo com a parcela poliárquica<br />

da cidadania” (Santos, 1994:97). As duas realidades coexistem encontran<strong>do</strong><br />

o comportamento poliárquico, “mas imerso em enorme bolha de alie<strong>na</strong>ção<br />

e indiferença” (Santos, 1994:98). Um outro aspecto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> não-poliárquico<br />

encontra-se <strong>na</strong> negação <strong>do</strong> conflito <strong>na</strong> sociedade. Novamente utilizan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s<br />

de 1988 de amplitude <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, verifica-se que ape<strong>na</strong>s 10,5% <strong>do</strong> total de<br />

adultos reconheciam ter se envolvi<strong>do</strong> em algum tipo de conflito (questão trabalhista,<br />

problema crimi<strong>na</strong>l, separação conjugal, conflito de vizinhança, entre<br />

outros) e isso para um perío<strong>do</strong> de cinco anos (1983-88). Identifica-se, assim,<br />

uma “enorme massa urbanizada, envolvida pela dinâmica da acumulação econômica,<br />

sujeita a carências de to<strong>do</strong> tipo, atomizada, (...) e vítima de múltiplos<br />

exemplos de violência pública e privada, que justamente nega a existência de<br />

elevada taxa de conflito, ou que nele esteja envolvida” (Santos, 1994:98). Em<br />

outras palavras, faz-se de conta que os problemas não existem, buscan<strong>do</strong>-se<br />

sua resolução fora <strong>do</strong>s cânones institucio<strong>na</strong>is, já que as instituições não merecem<br />

crédito por parte da população.<br />

O círculo se fecha quan<strong>do</strong> se verifica, por um la<strong>do</strong>, uma “óbvia e escandalosa<br />

ausência de capacidade participativa (motivação)” com a reduzida<br />

apresentação de demandas, e por outro la<strong>do</strong>, um “absoluto descrédito <strong>na</strong> eficácia<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>” (Santos, 1994:98), com uma expectativa da “eficácia elementar”<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> “próxima de zero”, o que leva à busca “por sua conta e por seus<br />

próprios meios, de um mínimo de dignidade pessoal” (Santos, 1994:98). É<br />

assim que ape<strong>na</strong>s 33% <strong>do</strong>s que admitiram ter se envolvi<strong>do</strong> em conflito nesse<br />

perío<strong>do</strong> 1983-88 confiaram a solução à Justiça (Santos, 1994:100), um indica<strong>do</strong>r<br />

exemplar de uma situação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de <strong>na</strong>tureza hobbesiano. Outra

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