15.06.2013 Views

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Combate à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes no turismo em Salva<strong>do</strong>r 145<br />

da mulher de querer sair <strong>do</strong> país”. Nesse contexto, o Chame faz uma distinção,<br />

“o turismo <strong>sexual</strong> não envolve prostitutas profissio<strong>na</strong>is. Mesmo que seja uma<br />

mulher que faça programas, o intuito dela se relacio<strong>na</strong>r com esse estrangeiro é<br />

de poder casar e poder sair. Por trás disso também existe uma constante que é<br />

a <strong>do</strong> casamento, de ter uma vida segura, feliz, e por fim sair dessa vida. Então,<br />

sempre essa relação com o estrangeiro não chega a ser profissio<strong>na</strong>l, é uma relação<br />

amorosa, por parte das mulheres” (Leite, 2007).<br />

A partir da experiência própria e <strong>do</strong> Chame, “o turista <strong>do</strong> sexo passa 10,<br />

15 dias com a mesma pessoa. Há uma fidelidade”. Leite extrapola esse diagnóstico<br />

para conectá-lo com uma realidade mais ampla.<br />

Na verdade, dentro das nossas experiências, identificamos que eles usufruem<br />

de três trabalhos tira<strong>do</strong>s da população brasileira: a mulher funcio<strong>na</strong> como guia<br />

de turismo, sem que ele pague por esse profissio<strong>na</strong>l. Ela é segurança dele, pois<br />

a maioria deles tem me<strong>do</strong> de chegar aqui e ser ludibria<strong>do</strong> — ele não fala a lín-<br />

gua —, e sabe que ela vai levá-lo a lugares que sejam seguros, que ela não vai<br />

levá-lo à “Ladeira da Montanha” [área de prostituição], vai levá-lo a lugares que<br />

ela sabe que são seguros. E, com certeza, vai tirar o trabalho da prostituta, pois<br />

ela vai servi-lo <strong>sexual</strong>mente sem cobrar <strong>na</strong>da. Então é uma relação de três fun-<br />

ções sem cobrar o que deveria ser cobra<strong>do</strong>.<br />

Por essa caracterização podemos ver que essa atividade acaba repercutin<strong>do</strong><br />

até no próprio merca<strong>do</strong> formal e legal de trabalho ao tirar a ocupação de<br />

profissio<strong>na</strong>is liga<strong>do</strong>s ao turismo convencio<strong>na</strong>l.<br />

Quanto à possibilidade de quantificar esses processos to<strong>do</strong>s, de se chegar<br />

a números. Jaqueline Leite mostra essa impossibilidade ao considerar que<br />

“toda a relação que permeia o turismo <strong>sexual</strong> é uma relação de sentimento,<br />

de <strong>na</strong>moro. Não é uma relação profissio<strong>na</strong>l. Quan<strong>do</strong> você conversa com elas,<br />

elas dizem: ‘Não, ele é meu <strong>na</strong>mora<strong>do</strong>, ele é meu noivo’. É <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> priva<strong>do</strong>”<br />

(Leite, 2007). Algum controle é possível “quan<strong>do</strong> é com criança e a<strong>do</strong>lescente<br />

porque tem lei. Passou <strong>do</strong>s 18 anos não se consegue mais controlar, porque<br />

a mulher tem direito de <strong>na</strong>morar, de manter relações, de querer ser feliz, de<br />

querer sair <strong>do</strong> país” (Leite, 2007).<br />

Quanto à preocupação de identificar quem é o turista <strong>sexual</strong>, é necessário<br />

esclarecer que “existe o turismo <strong>sexual</strong> local, é interessante falar isso porque

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!