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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

to das desigualdades sociais e resgate da gestão social. A emergência e consolidação<br />

das ONGs como agentes de atuação social decorrem de um processo<br />

onde o Esta<strong>do</strong> perde em parte seu raio de atuação e, ainda que possam estar<br />

envolvidas em contradições e, muitas vezes, em uma divisão de trabalho não<br />

muito explícita, as ONGs têm se configura<strong>do</strong> como parte <strong>do</strong> novo desenho da<br />

atividade pública no Brasil.<br />

O enfrentamento da <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes:<br />

a trajetória <strong>do</strong> Cedeca/BA<br />

Nesta seção apresenta-se a trajetória de trabalho e luta <strong>do</strong> Cedeca-BA no combate<br />

à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes <strong>na</strong> voz de seu dirigente e<br />

membros procuran<strong>do</strong> conectar esses elementos com o referencial teórico anteriormente<br />

construí<strong>do</strong>. Em outras palavras, procura-se mostrar como o corpo<br />

teórico se explicita no empírico.<br />

Cabe começar pontuan<strong>do</strong> como a entidade vê as causas <strong>do</strong> problema até<br />

porque essas determi<strong>na</strong>m o raio de ação e de possibilidade de enfrentamento<br />

da questão. Na percepção de seu coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r, Waldemar Oliveira, ainda<br />

que exista uma parcela de a<strong>do</strong>lescentes de classe média envolvida, “a maioria<br />

das meni<strong>na</strong>s exploradas são pobres de bairros periféricos, algumas de família<br />

de miseráveis, afro-descendentes etc., esse é o perfil das meni<strong>na</strong>s” (Oliveira,<br />

2007). Em sua percepção, “ela não ficaria ociosa à noite para transar com um<br />

cara que ela nem conhece se tivesse escola, comida, alimentação, recursos”<br />

(Oliveira, 2007). Vimos anteriormente que um primeiro momento decisivo <strong>na</strong><br />

construção da cidadania encontra-se <strong>na</strong> abolição da escravidão que “incorporou<br />

os ex-escravos aos direitos civis”, mas de mo<strong>do</strong> “mais formal <strong>do</strong> que real”<br />

(Carvalho, 2005:17). Quan<strong>do</strong> se constata, pelos da<strong>do</strong>s existentes bem como<br />

pelos depoimentos colhi<strong>do</strong>s, que, em grande parte, uma boa parcela das vítimas<br />

desse processo to<strong>do</strong> são meni<strong>na</strong>s e a<strong>do</strong>lescentes negras, pode-se perceber<br />

como se mantém essa realidade histórica. Verifica-se, desse mo<strong>do</strong>, a inefetividade<br />

da lei tanto em termos territoriais quanto funcio<strong>na</strong>is quan<strong>do</strong> se consideram<br />

“as relações de classe, étnicas e de gênero” (O’Donnell, 1993:129).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, admite Oliveira que, houve uma redução da <strong>exploração</strong><br />

praticada por turistas, lembran<strong>do</strong> que, quan<strong>do</strong> se fala de turistas, as pessoas só

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