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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Exploração <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes em Salva<strong>do</strong>r 375<br />

“alimenta toda nossa percepção da realidade e a produção teórica” (Koshima,<br />

2007). O Cedeca tem se concentra<strong>do</strong> em “capacitar equipes <strong>do</strong> país inteiro<br />

de forma difusa” e atuan<strong>do</strong> de forma concreta, <strong>na</strong> atualidade, no Pair, um <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is maiores programas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is dessa temática, sen<strong>do</strong> a assessoria técnica<br />

coorde<strong>na</strong>da por Karin Koshima, visto como “um privilégio” para o Cedeca,<br />

por essa educa<strong>do</strong>ra.<br />

Na visão de uma instituição que lida com o problema de forma direta,<br />

para um enfrentamento mais efetivo da situação dramática existente, teriam<br />

que acontecer mudanças profundas <strong>na</strong>s políticas públicas começan<strong>do</strong> pela<br />

necessidade de funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> grupo interministerial forma<strong>do</strong> desde 2004<br />

de mo<strong>do</strong> a pautar “transversalmente” a questão com to<strong>do</strong>s os ministérios, pois<br />

o que se vê é “a Secretaria de Direitos Humanos trabalhan<strong>do</strong> sozinha, tentan<strong>do</strong><br />

articular to<strong>do</strong> um problema que não é um problema só <strong>do</strong>s direitos humanos e<br />

sim da saúde, da educação, <strong>do</strong> esporte, da segurança” (Koshima, 2007). Existe<br />

um grupo forma<strong>do</strong>, “mas que efetivamente não funcio<strong>na</strong>, já começa erra<strong>do</strong> lá<br />

de cima”. Para ilustrar, Koshima mencio<strong>na</strong> que, em reunião recente em Brasília,<br />

não tinha uma pessoa <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Social, ape<strong>na</strong>s<br />

chegan<strong>do</strong> uma representante no último dia, mas sem conhecimento <strong>do</strong> que<br />

estava acontecen<strong>do</strong>. “Como é que com um problema tão sério como esse se<br />

tem esse nível de descompromisso?”, pergunta. Do ponto de vista da política,<br />

se esse grupo funcio<strong>na</strong>sse e o ministério pensasse em ações mais articuladas e<br />

planejadas, poderíamos reverter esse quadro de risco da infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

no país, ainda que não no curto prazo (Koshima, 2007).<br />

Outra necessidade de mudança repousa <strong>na</strong> polícia. Falan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pedófilos,<br />

que são 1% (99% são homens normais), eles estão <strong>na</strong> “total certeza<br />

de que <strong>na</strong>da vai acontecer”. Então, “se esse homem tivesse me<strong>do</strong> <strong>do</strong> que<br />

poderia acontecer ele jamais faria”. Em sua visão pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong> um ser “machista,<br />

onde o a<strong>do</strong>lescente é semivaloriza<strong>do</strong>”, e o pedófilo de meia-idade,<br />

vai se “sentir gostoso por pegar uma meni<strong>na</strong> de 12 anos”. Ele não titubeia<br />

e “essa demanda é produzida pela certeza da impunidade” (Koshima,<br />

2007). Quanto ao papel da polícia, pergunta: “como ela vai trabalhar com<br />

isso sem sensibilização?” (Koshima, 2007). As dificuldades para a reversão<br />

desse quadro residem no fato de que “grande parte está envolvida com<br />

essa rede, e mesmo quem não está envolvi<strong>do</strong> com essa rede entende que<br />

são “meni<strong>na</strong>s fogosas”. No curso ofereci<strong>do</strong> para os policiais militares, o

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