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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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O <strong>setor</strong> <strong>turístico</strong> <strong>versus</strong> a <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> infância e a<strong>do</strong>lescência<br />

característica reside <strong>na</strong> forma de resolução <strong>do</strong>s problemas:“O presidente e sua<br />

equipe pessoal são o alfa e o ômega da política” (O’Donnell, 1991:31), onde<br />

alguns problemas só podem ser resolvi<strong>do</strong>s por meio de “critérios altamente<br />

técnicos” (O’Donnell, 1991:31), o que incorre <strong>na</strong> “alta probabilidade de erros<br />

grosseiros, de implementação incerta” (O’Donnell, 1991:33). Além dessas, a<br />

democracia delegativa também encerra a característica da não “obrigatoriedade<br />

de prestar contas (accountability) horizontalmente” (O’Donnell, 1991:33).<br />

As democracias delegativas não resultam ape<strong>na</strong>s da retomada ao caminho democrático<br />

após os regimes autoritários, mas expressam “fatores históricos de<br />

longo prazo” (O’Donnell, 1991:25). A democracia delegativa, por definição,<br />

encerra grandes poderes <strong>na</strong> figura presidencial ratifican<strong>do</strong> “tradições de alta<br />

perso<strong>na</strong>lização e concentração de poder no Executivo” (O’Donnell, 1991:38).<br />

Pode-se extrair, dessas ponderações, a confirmação da trajetória política brasileira<br />

da existência de uma sociedade civil fraca, desarticulada, passiva, “delegante”,<br />

que delega para os gover<strong>na</strong>ntes a responsabilidade pela busca, praticamente<br />

não atendida, <strong>do</strong>s problemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Essas sociedades ainda esperam<br />

tu<strong>do</strong> ou quase tu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e este, por sua vez, dadas as características da<br />

sociedade civil, se perpetua praticamente livre, desimpedi<strong>do</strong> para sua ação.<br />

Na questão <strong>do</strong>s direitos <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>, a situação <strong>do</strong>s “direitos básicos<br />

<strong>do</strong>s fracos e <strong>do</strong>s pobres” tem si<strong>do</strong> classificada como “sombria” (O’Donnell,<br />

1998:38). Contrarian<strong>do</strong> a expansão clássica <strong>do</strong>s direitos ocorrida <strong>na</strong> Europa,<br />

nos países latino-americanos, ainda que tenha aconteci<strong>do</strong> a retomada <strong>do</strong>s<br />

direitos políticos em anos recentes, “a extensão de direitos civis a to<strong>do</strong>s os<br />

adultos é muito incompleta” (O’Donnell, 1998:43). Nesses países, em geral,<br />

marca<strong>do</strong>s por alto grau de desigualdade, grande pobreza, apresentan<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s<br />

“rudimentos de um Esta<strong>do</strong> de bem-estar”, a questão <strong>do</strong>s direitos apresenta<br />

“deficiências” (O’Donnell, 1998:44). Entre elas, podem ser destacadas, “a<br />

aplicação discricionária, e amiúde excessivamente severa, da lei aos fracos”<br />

que tem, como contrapartida, o fato de que “os privilegia<strong>do</strong>s, seja diretamente,<br />

seja por meio de ligações pessoais apropriadas, se isentam de cumprir a<br />

lei” (O’Donnell, 1998). Verifica-se uma “longa tradição de ignorar a lei ou,<br />

quan<strong>do</strong> ela é acatada, de torcê-la em favor <strong>do</strong>s poderosos (...)” (O’Donnell,<br />

1998) identifican<strong>do</strong>-se uma “escandalosa impunidade crimi<strong>na</strong>l” por parte desses<br />

privilegia<strong>do</strong>s (O’Donnell, 1998:45). Uma outra “deficiência” também se<br />

localiza <strong>na</strong> relação <strong>do</strong>s pobres e socialmente fracos com as burocracias para

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