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O setor turístico versus a exploração sexual na - Ministério do Turismo

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Combate à <strong>exploração</strong> <strong>sexual</strong> de crianças e a<strong>do</strong>lescentes no turismo em Salva<strong>do</strong>r 159<br />

chista. Ele anda de braços da<strong>do</strong>s com ela no Pelourinho, leva para restaurantes...<br />

ela se sente valorizada, isso aumenta sua auto-estima. Na visão dela, ele<br />

está respeitan<strong>do</strong> a condição dela de negra, de mestiça, de mulher da periferia,<br />

enfim” (Araújo, 2007). Em sua cabeça se passaria a idéia de que: “se aqui que<br />

é o Brasil, ele me trata dessa forma, no país dele, me tratará muito melhor”<br />

(Araújo, 2007). Essa relação sempre tem a intenção de “sair <strong>do</strong> país, ter uma<br />

vida segura, e por parte dele, é uma relação sem compromisso, com mulheres<br />

bonitas, onde ele, <strong>na</strong> realidade <strong>do</strong> país dele, teria que pagar muito caro para<br />

ter uma mulher disponível para ele durante tanto tempo”.<br />

Ainda outro componente inseri<strong>do</strong> nessa argumentação refere-se ao eleva<strong>do</strong><br />

“índice de violência <strong>do</strong>méstica”, o que faz com que “muitas mulheres<br />

preferem ter relação com um estrangeiro <strong>do</strong> que com um brasileiro que bate”<br />

(Araújo, 2007). Consideran<strong>do</strong> que “a família brasileira está se desestruturan<strong>do</strong>,<br />

grande quantidade de mulheres que vai para a Europa, por exemplo, para<br />

casar já tem filhos aqui, o que mostra também a responsabilidade mater<strong>na</strong> e<br />

a irresponsabilidade pater<strong>na</strong>” (Araújo, 2007). Em sua apreciação, “todas essas<br />

condições fomentam para que essas mulheres queiram essa relação com o<br />

estrangeiro, porque isso aparenta uma segurança” (Araújo, 2007), sen<strong>do</strong> que<br />

“a própria família e a mídia facilitam, estão sempre dizen<strong>do</strong> para ela que é<br />

melhor ter um estrangeiro que um brasileiro” (Araújo, 2007). Assim, “to<strong>do</strong>s<br />

esses pontos fortalecem o turismo <strong>sexual</strong>, não somente <strong>do</strong> ponto de vista de<br />

explorar a criança e o a<strong>do</strong>lescente, mas também <strong>do</strong> ponto de vista de explorar<br />

a <strong>na</strong>ção, de explorar a comunidade” (Araújo, 2007).<br />

A estratégia de sedução consiste em dar às meni<strong>na</strong>s, “presentinhos, uma<br />

canga, uma roupa, um almoço, saem com elas to<strong>do</strong>s os dias (...) Na perspectiva<br />

delas, elas vivem 10 dias com eles de puro luxo. E não é só a meni<strong>na</strong><br />

pobre, é a de classe média também, que pensa que está sain<strong>do</strong> com um cara<br />

estrangeiro, legal. Essa idéia de que o homem europeu é menos machista não<br />

é só da classe pobre, é de to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>” (Leite, 2007).<br />

No que se refere ao papel da família, as mulheres ocupam um papel central<br />

consideran<strong>do</strong> que “42% das famílias são chefiadas por mulheres que têm<br />

que trabalhar muito para sustentar seus filhos” (Leite, 2007). Por outro la<strong>do</strong>,<br />

“o merca<strong>do</strong> de trabalho para a mulher é mais escasso <strong>do</strong> que para o homem,<br />

as mulheres ganham menos no merca<strong>do</strong> de trabalho, exercen<strong>do</strong> as mesmas<br />

funções que homens” (Leite, 2007). Nesse contexto, “são vários componen-

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