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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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própria <strong>de</strong>claração <strong>da</strong> improprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa transposição po<strong>de</strong> ser facilmente interpreta<strong>da</strong><br />

como uma rejeição aos comportamentos positivos que o conceito abrange. Muito<br />

provavelmente, uma reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> operativa não alcança a sutileza <strong>de</strong>ssa transposição<br />

semântica <strong>de</strong> aparência tão benigna. Deve-se, ain<strong>da</strong>, ressaltar, que tal afirmação na<strong>da</strong> tem<br />

<strong>de</strong> persecutória. Não estão sendo <strong>de</strong>nunciados quaisquer grupos <strong>de</strong> interesse ou agentes<br />

mal-intencionados. Numa perspectiva foucaultiana e hei<strong>de</strong>ggeriana, o que se observa,<br />

nesse caso, é a reprodução <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r através <strong>de</strong> uma lógica que privilegia o<br />

<strong>de</strong>svelamento técnico-calculante <strong>de</strong> conceitos muito mais amplos e complexos. Um<br />

<strong>de</strong>svelamento instrumental que ten<strong>de</strong> a enfatizar, nas práticas corporativas, o status <strong>da</strong>s<br />

organizações como instituição dominante <strong>da</strong> contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>. Somente através <strong>de</strong> uma<br />

reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> essencial complexa é possível se problematizar essa in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> redução do<br />

mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ao mundo corporativo; essa in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> apropriação <strong>da</strong> auto<strong>de</strong>terminação<br />

humana como instrumento para uma <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica – mesmo que legítima e<br />

aparentemente consensual.<br />

9.5. Enre<strong>da</strong>mento em dissonâncias<br />

Dissonância é falta <strong>de</strong> harmonia, <strong>de</strong>sacordo (NASCENTES, 1988). Essa acepção<br />

será aqui utiliza<strong>da</strong> para <strong>de</strong>screver os enre<strong>da</strong>mentos do profissional em dissonâncias<br />

cognitivas e fisiológicas no exercício do seu trabalho.<br />

A dissonância cognitiva é entendi<strong>da</strong>, em Comportamento Organizacional, como a<br />

percepção <strong>de</strong> “inconsistências entre duas ou mais atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um indivíduo ou entre suas<br />

atitu<strong>de</strong>s e seu comportamento” (ROBBINS, 2004:22). Essas inconsistências po<strong>de</strong>m advir<br />

tanto <strong>de</strong> imposições externas como <strong>de</strong> escolhas individuais. Ain<strong>da</strong> que a dissonância<br />

cognitiva não seja um fenômeno recente, há indícios <strong>de</strong> que a ampliação do po<strong>de</strong>r<br />

discricionário dos profissionais corporativos, em funções técnicas ou <strong>de</strong> comando, esteja<br />

ampliando sua ocorrência na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> – especialmente em questões éticas (SROUR,<br />

2002). As pressões por resultados e o acirramento <strong>da</strong> competição nos negócios fazem com<br />

que, por vezes, códigos <strong>de</strong> conduta e <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> princípios se tornem letra morta – à<br />

custa <strong>da</strong> dissonância cognitiva <strong>de</strong> quem se vê compelido a agir em <strong>de</strong>sacordo com suas<br />

próprias convicções. Ou, ain<strong>da</strong>, frente a dilemas éticos caracterizados por alternativas<br />

igualmente <strong>de</strong>fensáveis, nem sempre o <strong>de</strong>cisor está qualificado a pon<strong>de</strong>rá-las <strong>de</strong> maneira<br />

fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>. Dilemas <strong>de</strong>sse tipo se instalam quando, por exemplo, uma perspectiva ética<br />

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