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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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pessoal <strong>da</strong> Programação Neurolingüística (O’CONNOR, 2004) e os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> coaching<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências humanas (DI STÉFANO, 2005; O’CONNOR e<br />

LAGES, 2004) são alguns exemplos <strong>de</strong> como, direta ou indiretamente, a questão do bem-<br />

estar é <strong>de</strong>svela<strong>da</strong> na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Constituem um respeitável repertório técnico, seja baseado<br />

em pesquisa científica, seja na experiência prática, que tem <strong>de</strong>monstrado sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

sua eficácia na aplicação ao mundo corporativo. Ou, em outras palavras, provêem<br />

instrumentos eficazes para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, para a promoção<br />

do bem-estar pessoal e para o alcance <strong>de</strong> resultados organizacionais. Mas então on<strong>de</strong> está o<br />

problema?<br />

Como ocorre na utilização <strong>de</strong> qualquer instrumento, é possível realizar-se uma<br />

tripla apreciação <strong>da</strong>s técnicas cita<strong>da</strong>s: 1) Em relação à sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> intrínseca; 2) Em<br />

relação à maestria no seu uso; e 3) Em relação aos objetivos com que são utiliza<strong>da</strong>s. As<br />

diversas obras que tratam do assunto, alguns relatos <strong>de</strong> entrevistados e outros indícios do<br />

cotidiano corporativo sugerem que tais técnicas possuem suficiente consistência para<br />

prover os resultados a que se propõem. Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> intrínseca não seria, <strong>de</strong>ssa forma, um<br />

problema a elas atribuível. Por outro lado, a maestria no uso seria algo a avaliar caso a<br />

caso; um julgamento dirigido ao técnico, não à técnica. Resta, portanto, o terceiro nível <strong>de</strong><br />

avaliação como o que mais interessa à nossa análise. Quando nos referimos aos objetivos<br />

com que essas técnicas são utiliza<strong>da</strong>s, não estamos nos restringindo às metas estabeleci<strong>da</strong>s<br />

entre o cliente e o especialista. O que está em questão antece<strong>de</strong> a esse momento.<br />

Prece<strong>de</strong>ndo o porquê <strong>de</strong> tais metas a atingir ou tais competências a <strong>de</strong>senvolver, está um<br />

para quê teleológico. É certamente impossível se estabelecer um juízo geral sobre as<br />

<strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses processos individuais. Não po<strong>de</strong>mos nos furtar, no entanto, a tematizar<br />

esse aspecto pouco evi<strong>de</strong>nte no cotidiano organizacional. Um possível problema no uso<br />

<strong>de</strong>ssas técnicas <strong>de</strong> bem-estar é a sua irrefleti<strong>da</strong> subordinação à lógica produtiva e ao<br />

<strong>de</strong>svelamento <strong>de</strong> si mesmo ao modo técnico-calculante. Por exemplo, utilizando-as para<br />

aumentar a tolerância ao estresse, possibilitando ao indivíduo trabalhar mais e em<br />

condições mais adversas – e não para que sua busca <strong>de</strong> objetivos autênticos seja um<br />

processo mais saudável. Ou, ain<strong>da</strong>, utilizando-as para perseguir possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s impessoais<br />

ao invés <strong>de</strong> empregá-las para tornar mais saudável a busca autêntica <strong>de</strong> seus possíveis<br />

compatibilizados com seus necessários.<br />

O problema, portanto, não são as técnicas psicológicas do bem-estar, mas sua<br />

utilização para objetivos impróprios, inautênticos. As críticas por vezes lança<strong>da</strong>s a tais<br />

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