Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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produzido. Essa pressão por resultados se reflete no aumento das horas trabalhadas, conforme apontam dados de pesquisa realizada no Brasil (MARTINS, 2001), e no aumento da incidência de estresse – favorecido em contextos com desequilíbrio entre exigências e recursos (ULRICH, 2002). As características do trabalho informacional corporativo, aqui apresentadas, são apenas as que mais ostensivamente se oferecem a uma investigação sobre o tema. Contudo, o aprofundamento desse olhar analítico será realizado nos capítulos da terceira parte do presente estudo. Para concluir os capítulos conceituais, passaremos, agora, à apresentação dos sentidos e possibilidades no trabalho corporativo. 54
6. SENTIDOS E POSSIBILIDADES NO TRABALHO CORPORATIVO Neste capítulo figuram alguns conceitos fundamentais baseados em trabalhos de Martin Heidegger, como sentido, tempo, ser e verdade. Esses e outros conceitos são definidos de maneira compatível com os fundamentos ontológicos e epistemológicos da investigação e articulados para possibilitar sua utilização nos capítulos propositivos desse estudo. Iniciamos com o termo sentido e suas múltiplas acepções, já sucintamente apresentadas no início da tese. Essa multiplicidade é desejável e visa a dar conta da polissemia inerente aos discursos sobre trabalho, possibilitando sua compreensão e sua descrição em profundidade. No pólo administrativo de investigação, sentido é analisado como significado e como propósito. Haveria significados compartilhados para um dado trabalho no âmbito das organizações? Qual o propósito ou a finalidade do trabalho informacional corporativo para as organizações contemporâneas? Sentido no pólo psicológico é, também, significado e propósito conforme percebido individualmente. O valor atribuído pelo trabalhador, bem como sua percepção da finalidade do que realiza são pontos a investigar. Sentido pode ser também entendido como a definição que emerge de um processo reflexivo provocado pela interrupção da interação automática com o objeto analisado (FAIRCHILD, 1974). A produção de estranheza ou desfamiliarização de algo cotidiano, como o trabalho, pode gerar definições menos óbvias e, ao mesmo tempo, mais ricas em possibilidades descritivas. Produzir estranheza é uma das estratégias centrais dessa investigação – em especial, nos pólos sociológico e filosófico. No pólo sociológico, sentido é significado – uma associação mental socialmente estabelecida. Essa associação é o que permite acordo quanto à interpretação dos fatos sociais (DICIONÁRIO DE SOCIOLOGIA, 1961). Para algumas escolas de pensamento, o significado é o objeto fundamental da sociologia, e não as explicações causais ou a busca de estruturas sociais descritivas (MARSHALL, 1994). A perspectiva adotada neste estudo se alinha, em seu pólo sociológico, a essa busca de significados compartilhados. No pólo filosófico, sentido pode ter a acepção de essência como também de fundamento e de direção. Na perspectiva husserliana, essência é um constituinte inalienável, imprescindível para que algo seja o que é. Por exemplo, a essência do triângulo é a idéia que permeia todo e qualquer triângulo, real ou imaginário, e que permite 55
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