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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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do trabalho. Perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> paralisá-lo, ain<strong>da</strong> que momentaneamente, por<br />

contrariar a racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> do senso comum. Ou po<strong>de</strong> lançá-lo a uma busca <strong>de</strong> solução nem<br />

sempre possível. Se a solução dos paradoxos semânticos está no sucessivo <strong>de</strong>svelamento<br />

<strong>da</strong>s metalinguagens associa<strong>da</strong>s à linguagem do discurso (MORA, 1994), a dos paradoxos<br />

do trabalho e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nem sempre comportam tal abor<strong>da</strong>gem.<br />

O <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com o trabalho paradoxal tem uma complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> adicional.<br />

Primeiramente, po<strong>de</strong> requerer um esforço <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> níveis diferentes <strong>de</strong> abstração<br />

que possibilitem um entendimento não-contraditório do fenômeno. A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produzir estranheza na cotidiani<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> pensar o impensável, seria o provável equivalente<br />

a esse esforço <strong>de</strong> abstração. Contudo, há um <strong>de</strong>safio adicional para o qual a Filosofia po<strong>de</strong><br />

contribuir – ain<strong>da</strong> que por vezes esta se assemelhe ao ininteligível visando ao<br />

in<strong>de</strong>terminável. A contribuição estaria em distinguir os paradoxos criados pela ação<br />

humana, passíveis <strong>de</strong> solução, <strong>da</strong>queles inerentes à sua humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, que apenas<br />

comportam compreensão. Mas essa é uma questão que discutiremos adiante, nas<br />

consi<strong>de</strong>rações pós-tese.<br />

10.7. Proposição 4<br />

O trabalho corporativo é paradoxal em diferentes âmbitos: 1) Sua racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

débil pelas irracionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que promove em sua aplicação prática, pelas contradições em<br />

seus princípios e pela impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se concretizar plenamente face às próprias<br />

contingências não-racionais <strong>da</strong> condição humana; 2) Seu dinamismo é muito mais formal<br />

que substantivo, visto que sob a aparente mu<strong>da</strong>nça persistem valores e comportamentos<br />

habituais; 3) O discurso corporativo sinaliza uma crescente possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bem-estar no<br />

trabalho; ao mesmo tempo, a concepção contemporânea <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> como suprema<br />

<strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> existencial transforma essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>de</strong>ver, afastando-a ao invés <strong>de</strong><br />

aproximá-la; 4) A experiência temporal dominante no trabalho corporativo, e na própria<br />

vi<strong>da</strong> contemporânea, privilegia o presente e festeja a novi<strong>da</strong><strong>de</strong>; mas também esvazia a<br />

experiência <strong>de</strong>sse presente hiperocupado, impedindo sua plena fruição; e 5) Esse trabalho<br />

assalariado, estreitamente vinculado ao sustento e ao consumo, é parte <strong>de</strong> um sistema<br />

insustentável; um sistema que não po<strong>de</strong> se manter saudável em termos individuais e<br />

coletivos, in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>mente, se permanecer na rota em que se encontra.<br />

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