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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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acionali<strong>da</strong><strong>de</strong> técnico-científica po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>svela<strong>da</strong> em dois sentidos adicionais,<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa própria racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>: a complexificação e a insustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A complexificação não <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>da</strong> como um mero processo <strong>de</strong> agregação<br />

<strong>de</strong> atributos que verificamos, por exemplo, no uso <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> informática e <strong>de</strong><br />

softwares. Não se trata <strong>de</strong> um acréscimo periódico <strong>de</strong> variáveis, funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

sofisticações operacionais. A complexificação do trabalho corporativo é <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m,<br />

por alterar seus fun<strong>da</strong>mentos e sua manifestação. Sendo mais específico, o trabalho<br />

corporativo se complexifica por estar submetido à reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong>; se complexifica porque a<br />

impermanência do fenômeno trabalho torna rapi<strong>da</strong>mente obsoletas as tentativas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>screvê-lo instrumentalmente e <strong>de</strong> administrá-lo; se complexifica pela multiplicação dos<br />

enre<strong>da</strong>mentos a que está submetido – enre<strong>da</strong>mentos, por seu turno, também sujeitos à<br />

reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e à impermanência; e se complexifica, enfim, porque a reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

impermanência e os enre<strong>da</strong>mentos favorecem a multiplicação dos paradoxos, tornando<br />

contraditória a experiência do trabalho e menos inteligível sua manifestação.<br />

Esse trabalho complexo tem ain<strong>da</strong> como sentido (direção, orientação temporal) a<br />

insustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sua estreita vinculação ao sustento e ao consumo o torna parte <strong>de</strong> um<br />

sistema insustentável. Um sistema provavelmente incapaz <strong>de</strong> se manter saudável, em<br />

termos individuais e coletivos, se permanecer sob a mesma lógica e com as mesmas<br />

práticas atuais.<br />

Concluindo:<br />

Os sentidos <strong>de</strong>svelados nessa investigação não se caracterizam por um pessimismo<br />

sistemático, tampouco por um otimismo ingênuo. Falar em postura realista seria<br />

problemático, a começar pela própria questão do que é o ‘real’. O que esse estudo aponta<br />

são algumas características fun<strong>da</strong>mentais do trabalho contemporâneo, oferecendo-as à<br />

apreciação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> acadêmica e dos profissionais corporativos. Assim sendo, não<br />

apenas o trabalho corporativo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado paradoxal, mas também a própria<br />

conclusão <strong>de</strong>sse estudo que o tem como objeto: uma conclusão que não se ‘fecha’.<br />

Paradoxal, pois em abertura – no sentido hei<strong>de</strong>ggeriano. Uma conclusão que aponta<br />

caminhos, <strong>de</strong>svela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, respon<strong>de</strong> a algumas perguntas e, principalmente,<br />

subsidia a formulação <strong>de</strong> novas questões basea<strong>da</strong>s em uma reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> essencial<br />

complexa. Questões propiciadoras <strong>de</strong> diálogo para que, através <strong>de</strong>le, acadêmicos e<br />

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