05.08.2013 Views

Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

8.5. A impermanência ontológica<br />

A impermanência ontológica é a relativa ao ser – e, neste caso, especificamente ao<br />

ser humano. Relativa ao modo como ele se constitui subjetivamente. Um cenário<br />

privilegiado <strong>de</strong>ssa constituição, e que nos interessa em particular, é o <strong>da</strong>s organizações.<br />

Além <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> já <strong>de</strong>scrita, cabe ressaltar que as organizações se tornaram a<br />

instituição dominante <strong>da</strong> contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>. Fun<strong>da</strong>mentais não apenas à or<strong>de</strong>m<br />

econômica, mas também como instância privilegia<strong>da</strong> <strong>de</strong> constituição subjetiva e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svelamento <strong>de</strong> sentidos. Um indício <strong>da</strong> relevância econômica <strong>da</strong>s organizações é o fato<br />

<strong>de</strong> algumas corporações transnacionais apresentarem um faturamento superior ao PIB <strong>da</strong><br />

maioria dos países (HANDY, 2000).<br />

Talvez menos evi<strong>de</strong>nte que a importância econômica seja a centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

organizações em outros âmbitos <strong>da</strong> existência. E não estamos nos referindo apenas ao fato<br />

<strong>de</strong> que nascemos, crescemos e morremos em organizações como materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, escolas e<br />

hospitais. O que nos interessa investigar mais <strong>de</strong>ti<strong>da</strong>mente é a expansão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> trabalho<br />

corporativo sobre os diferentes espaços <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana e algumas conseqüências<br />

<strong>de</strong>ssa expansão.<br />

É <strong>de</strong> percepção corrente o fato <strong>de</strong> o trabalho corporativo proporcionar, além do<br />

sustento econômico, um espaço privilegiado <strong>de</strong> interação. Uma <strong>da</strong>s razões para esse<br />

privilégio é o próprio tempo <strong>de</strong>dicado ao trabalho. Tempo que, por sinal, tem se ampliado<br />

nas últimas déca<strong>da</strong>s (MARTINS, 2001), restringindo, em contraparti<strong>da</strong>, a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para o convívio social em outros ambientes. O que, naturalmente, torna o contato<br />

interpessoal <strong>de</strong> trabalho mais freqüente que os do não-trabalho – incluindo, em muitos<br />

casos, a própria família. Outro fato verificável é a transferência <strong>de</strong> relacionamentos<br />

corporativos para a vi<strong>da</strong> pessoal, <strong>de</strong> forma que gran<strong>de</strong> parte dos vínculos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong><br />

termina sendo constituído por colegas <strong>de</strong> trabalho. Essas consi<strong>de</strong>rações são alguns indícios<br />

do papel <strong>da</strong>s organizações como referencial privilegiado para os relacionamentos humanos.<br />

Programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ocupacional e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> constituem-se em outra<br />

vertente <strong>de</strong> extensão do mundo do trabalho sobre o do não-trabalho, trazendo para a<br />

agen<strong>da</strong> corporativa questões como saú<strong>de</strong>, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física e lazer. Gran<strong>de</strong>s empresas<br />

freqüentemente disponibilizam tais serviços internos, ‘poupando’ tempo e concentrando o<br />

foco do trabalhador, que não precisa se <strong>de</strong>slocar a outras organizações sociais para aten<strong>de</strong>r<br />

a essas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Mas, provavelmente, o exemplo mais extremo <strong>de</strong>sse transbor<strong>da</strong>mento<br />

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!