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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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VI. Motivação para a tese<br />

Esse é um dos raros momentos do estudo em que a narrativa será feita em primeira<br />

pessoa. A razão é simples: é um momento em que, como autor, explicito minha posição em<br />

relação ao fenômeno investigado. Consi<strong>de</strong>ro necessária tal explicitação <strong>da</strong>do o caráter<br />

<strong>de</strong>sse estudo: um processo <strong>de</strong> construção intersubjetiva no qual a neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

pesquisador não é possível, nem <strong>de</strong>sejável.<br />

Estou implicado no tema <strong>de</strong> diversas maneiras e <strong>de</strong> forma intensa ao longo <strong>de</strong><br />

minha vi<strong>da</strong> profissional. Atualmente, o vivencio como pesquisador, professor, consultor,<br />

coach e, especialmente, como trabalhador informacional corporativo. A maneira como<br />

‘construo’ uma resposta rigorosa ao problema <strong>de</strong> pesquisa tem, certamente, a influência <strong>de</strong><br />

minha perspectiva sobre o fenômeno a partir <strong>de</strong>sses múltiplos papéis. Nesses diferentes<br />

referenciais, minha curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual tem sido <strong>de</strong>sperta<strong>da</strong> pelas formas tão<br />

antagônicas com que o trabalho po<strong>de</strong> ser vivenciado: fonte <strong>de</strong> experiências prazerosas e <strong>de</strong><br />

dissabores, espaço <strong>de</strong> auto-expressão e <strong>de</strong> aniquilamento criativo, momento <strong>de</strong> construção<br />

coletiva e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. A <strong>de</strong>scrição dos sentidos do trabalho não será, contudo,<br />

uma <strong>de</strong>scrição subjetiva, basea<strong>da</strong> em minha perspectiva pessoal sobre o tema. Será uma<br />

construção intersubjetiva media<strong>da</strong> por minha visão <strong>de</strong> mundo e minhas escolhas teórico-<br />

metodológicas. Algo, aliás, que caracteriza a abor<strong>da</strong>gem construcionista <strong>de</strong>ssa<br />

investigação, <strong>de</strong>scrita nos capítulos 1 e 2.<br />

A opção filosófica por Hei<strong>de</strong>gger é um exemplo <strong>de</strong>ssas escolhas idiossincráticas.<br />

Outras abor<strong>da</strong>gens po<strong>de</strong>riam ser utiliza<strong>da</strong>s em uma investigação <strong>de</strong>ssa natureza – como,<br />

por exemplo, a <strong>de</strong> Habermas e <strong>de</strong> outros autores <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Frankfurt. A escolha <strong>da</strong><br />

perspectiva hei<strong>de</strong>ggeriana é feita pela compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> com minha visão <strong>de</strong> ‘reali<strong>da</strong><strong>de</strong>’ e<br />

com minhas convicções sobre os limites e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s do ‘ser’ e do ‘conhecer’. E essa<br />

escolha se reforçou, ain<strong>da</strong> mais, pelo fato <strong>de</strong> essa abor<strong>da</strong>gem ser pouco usual em estudos<br />

científicos <strong>da</strong> Administração.<br />

Um valor central que norteia esse estudo, e que consi<strong>de</strong>ro fun<strong>da</strong>mental explicitar, é<br />

o respeito que consi<strong>de</strong>ro <strong>de</strong>vido aos entrevistados; respeito não apenas aos seus discursos,<br />

mas principalmente às suas vivências e às suas escolhas. Assim sendo, mesmo nos<br />

momentos <strong>de</strong> análise filosófica, em que realizo uma apreciação crítica em perspectiva, o<br />

que busco é <strong>de</strong>svelar os fatos sob uma ótica menos convencional. Uma apreciação sem<br />

juízos <strong>de</strong> valor quanto aos indivíduos, mas apenas quanto ao contexto ocupacional e à sua<br />

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