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Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s razões que produzem essas diferenças, o que nos interessa é<br />

enten<strong>de</strong>r como esse propósito do trabalho corporativo se articula, paradoxalmente, com<br />

outros âmbitos <strong>de</strong> sustento na contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ou com os diversos âmbitos <strong>de</strong><br />

insustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> vinculados a esse sustento.<br />

O <strong>de</strong>bate sobre o fim do emprego como ocupação predominante <strong>da</strong> classe média se<br />

popularizou na última déca<strong>da</strong> (RIFKIN, 1995; BRIDGES, 1995; DE MASI, 1999c) e<br />

<strong>de</strong>ixou em aberto diversas questões, como por exemplo: Como manter saudável, no longo<br />

prazo, um sistema socioeconômico baseado no consumo e que vincula ren<strong>da</strong> individual à<br />

produção ao mesmo tempo em que limita o acesso a essa ren<strong>da</strong> via emprego? Como<br />

manter o imperativo <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente, que significa maior produção com menor<br />

força <strong>de</strong> trabalho, se a maior produção <strong>de</strong>ve ser consumi<strong>da</strong> por um contingente<br />

proporcionalmente menor <strong>de</strong> trabalhadores? Essa breve menção ao <strong>de</strong>bate sobre o fim do<br />

emprego tem como objetivo iniciar a argumentação sobre a insustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tomando<br />

como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> o questionamento <strong>da</strong> própria sobrevivência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ocupação.<br />

Conforme discutido em capítulos prece<strong>de</strong>ntes, a precarização sucessiva do trabalho<br />

assalariado aponta para a redução gra<strong>da</strong>tiva <strong>da</strong> importância <strong>de</strong>ssa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> ocupacional<br />

face a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s alternativas. O que significa que o trabalho assalariado tradicional não<br />

<strong>de</strong>verá ser a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> provedora <strong>de</strong> sentido no longo prazo. Essa forma predominante <strong>de</strong><br />

sustento provavelmente não se sustentará como tal.<br />

A questão do meio-ambiente é o âmbito em que mais freqüentemente se discute a<br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O discurso do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável seria indício <strong>de</strong> uma toma<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> consciência global quanto às conseqüências imediatas e futuras do atual padrão <strong>de</strong><br />

produção e consumo. Padrão <strong>de</strong> replicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> impossível, tanto no que se refere à<br />

disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos naturais, como em relação ao impacto causado pelo uso <strong>de</strong>sses<br />

recursos. A adoção <strong>de</strong> um estilo oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> consumo pela emergente classe média<br />

chinesa mostra que a busca <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento não se restringe aos países<br />

sob influência direta <strong>da</strong> cultura americana. E as bases para esse mo<strong>de</strong>lo estão no trabalho<br />

assalariado, seja como fator <strong>de</strong> produção, seja como propiciador do consumo.<br />

O consumo contemporâneo merece uma discussão própria, consi<strong>de</strong>rando sua íntima<br />

implicação com o fenômeno do trabalho aqui investigado. A literatura especializa<strong>da</strong><br />

apresenta duas vertentes <strong>de</strong> análise do consumo (comenta<strong>da</strong>s no capítulo 8.5): a crítica e a<br />

<strong>de</strong>scritiva. A vertente crítica, que tem como um <strong>de</strong> seus atuais representantes o sociólogo<br />

Zigmunt Bauman (1999), aponta para o caráter exclu<strong>de</strong>nte e intrinsecamente injusto do<br />

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