Tese de Doutorado - versão final - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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RESUMO<br />
O presente estudo propõe e utiliza uma metodologia qualitativa multipolar para<br />
investigar os sentidos do trabalho corporativo impactado pelo conhecimento técnico-<br />
científico. Fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na epistemologia construcionista e em uma abor<strong>da</strong>gem<br />
hei<strong>de</strong>ggeriana, essa metodologia permitiu a <strong>de</strong>scrição do fenômeno investigado sob as<br />
perspectivas não só <strong>da</strong> Administração, como <strong>da</strong> Psicologia, <strong>da</strong> Sociologia e <strong>da</strong> Filosofia. O<br />
estudo parte <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos empíricos, coletados em entrevistas e em publicações, e os analisa<br />
com base em contribuições conceituais dos quatro pólos citados. Como resultado, a<br />
investigação aponta a reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a impermanência e o enre<strong>da</strong>mento como sentidos do<br />
trabalho corporativo que culminam no trabalho paradoxal. Demonstra que o impacto do<br />
conhecimento se dá em uma espiral reflexiva <strong>de</strong> complexificação, afetando continuamente<br />
indivíduos e processos <strong>de</strong> trabalho; <strong>de</strong>screve o caráter impermanente do trabalho dominado<br />
pelo tempo, pela neofilia e pelas incertezas que precarizam a própria experiência subjetiva<br />
do trabalhador; e argumenta que esse trabalho se torna enre<strong>da</strong>do pela maneira como é<br />
administrado, e enre<strong>da</strong>nte, por emaranhar o indivíduo em suas técnicas, lógicas e<br />
dissonâncias. A essência paradoxal que emerge <strong>de</strong>ssa apreciação do trabalho corporativo é<br />
<strong>de</strong>scrita nos seguintes âmbitos: sua reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> não impe<strong>de</strong> que sua racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> seja<br />
débil; seu dinamismo coexiste com a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar mu<strong>da</strong>nças organizacionais<br />
substantivas; seu enre<strong>da</strong>mento compromete as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um bem-estar<br />
aparentemente alcançável; seu foco no presente termina por se mostrar esvaziado; e seu<br />
propósito <strong>de</strong> sustento individual se torna insustentável pelo hiperconsumo. Mas as<br />
conclusões do estudo não <strong>de</strong>screvem um fenômeno <strong>de</strong>finitivo. Ao seu término, são<br />
aponta<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> convivência com o trabalho paradoxal, assim como<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua transformação.<br />
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