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Morel Queiroz da Costa Ribeiro - Mapa dos Conflitos Ambientais de ...

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peixes <strong>de</strong> valor comercial <strong>da</strong> bacia do São Francisco são peixes <strong>de</strong> piracema. Existem duas<br />

espécies <strong>de</strong> peixe que eu faço questão <strong>de</strong> citar: pacú e curimatã pioa, que eram o<br />

sustentáculo <strong>da</strong> pesca antes do barramento e que continuam sendo (estou dizendo isso<br />

para falar <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> futura barragem do Retiro <strong>de</strong> Baixo), isso porque se a<strong>da</strong>ptaram<br />

melhor. Reputo isso também aos peixamentos periódicos e sistemáticos que a Co<strong>de</strong>vasf<br />

realiza no reservatório <strong>de</strong> Três Marias. Então, é bom lembrar que essa barragem que vai<br />

ser construí<strong>da</strong> no Paraopeba será feita on<strong>de</strong> a população <strong>de</strong> peixes já está impacta<strong>da</strong> e<br />

a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> às condições <strong>de</strong> um reservatório, que é Três Marias. O mal maior, se po<strong>de</strong>mos<br />

falar assim, já foi feito, que é Três Marias. Então, dizer que essa construção <strong>da</strong> barragem<br />

do Paraopeba vai trazer impactos na fauna, principalmente nas espécies <strong>de</strong> valor<br />

comercial (surubim, dourado, matrinchã), não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro porque essas espécies já estão<br />

a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s. Outra coisa: eu não reputo ao rio Paraopeba gran<strong>de</strong> importância no ciclo<br />

reprodutivo <strong>dos</strong> peixes e no recrutamento <strong>de</strong> espécies para repovoamento, tanto na água<br />

do Paraopeba quanto do Alto São Francisco, por algumas razões: faltam estu<strong>dos</strong> para<br />

isso, com certeza. Mas existem fatores limitantes muito sérios. Vou citar dois: a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água do Paraopeba, é sabido que não é quali<strong>da</strong><strong>de</strong> boa. E o peixe na época <strong>de</strong> piracema<br />

sobe rio acima e, subindo, está com o metabolismo muito alto, <strong>de</strong>senvolvendo as gôna<strong>da</strong>s,<br />

ovários e testículos quando encontram as águas do Paraopeba, quando vão subindo com<br />

baixo teor <strong>de</strong> oxigênio dissolvido. Isso é um estresse e o peixe não completa o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento gona<strong>da</strong>l e não reproduz. Outro <strong>de</strong>talhe: se houver reprodução, ele se<br />

encontra na água em ascensão, com temperatura em elevação e reproduz os ovos; e as<br />

larvas <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>sova têm que ser carrega<strong>da</strong>s para uma lagoa marginal. Para completar o<br />

ciclo reprodutivo é importantíssima uma lagoa marginal. O levantamento que fizemos <strong>de</strong><br />

largoa marginal, <strong>da</strong>s 85 no rio Paraopeba só encontramos vinte e poucas lagoas<br />

marginais; e somente três com características <strong>de</strong> lagoa permanente. Dessas três, a maior<br />

<strong>de</strong>las, a Massacará, tinha 300 m <strong>de</strong> comprimento, 30 m <strong>de</strong> largura e 3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Eu trabalho no São Francisco há 28 anos. No trecho mais piscoso, que é o Médio São<br />

Francisco, há lagoas marginais expressivas. Mas aqui em cima não tem. Outra: o sistema<br />

<strong>de</strong> transposição <strong>de</strong> peixes que está sendo colocado, acredito que seja muito factível, muito<br />

viável para lá. A seletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que vai ocorrer à jusante <strong>da</strong> captura po<strong>de</strong> ser minimiza<strong>da</strong><br />

com a diversificação, diferentes pontos <strong>de</strong> coleta em diferentes profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, captura<br />

diurna e noturna. Isso minimiza a seletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seria colocar os peixes à montante no<br />

ambiente lótico também. Isso para que o peixe não sofra estresse com o ambiente lêntico.<br />

José <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> Carvalho Neto, diretor do Consórcio Retiro Baixo: “Eu queria ain<strong>da</strong> comentar<br />

que ficamos muito tranquilos com a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do empreendimento, não só pelo nosso<br />

trabalho, pelo trabalho <strong>da</strong> Valme e com o concurso do James Simpson, do Marcelo e do<br />

Vasco. Ain<strong>da</strong> tivemos um outra preocupação. Não obstante já saber <strong>de</strong>ssa viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

estarmos convenci<strong>dos</strong>, contratamos um terceiro parecer técnico junto ao Cetec. Fizeram<br />

parte <strong>da</strong> equipe o biólogo doutor Agostinho Clóvis <strong>da</strong> Silva, o engenheiro agrônomo<br />

Antônio Francisco Sá e Melo Marques, a bióloga Sílvia Terese Méier, o engenheiro<br />

agrônomo <strong>da</strong> Emater doutor Maurício Roberto Fernan<strong>de</strong>s e uma bióloga autônoma <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> conhecimento na área <strong>de</strong> ictiologia, a doutora Norma Dulce <strong>de</strong> Campos Barbosa.<br />

Esse parecer, protocolamos ontem na FEAM e queria <strong>de</strong>ixar uma cópia com os senhores.<br />

Ele referen<strong>da</strong> também a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental do empreendimento.” Dalton Canabrava<br />

Filho, vice-prefeito <strong>de</strong> Curvelo: “Senhores conselheiros, professor <strong>de</strong> quem acompanho o<br />

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