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Morel Queiroz da Costa Ribeiro - Mapa dos Conflitos Ambientais de ...

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<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> muitas espécies <strong>de</strong> peixes. Algo em torno <strong>de</strong> 20% <strong>da</strong>s 9000 espécies <strong>de</strong><br />

peixes <strong>de</strong> água doce estariam extintas ou ameaça<strong>da</strong>s (McCULLY, 2001).<br />

São vários os exemplos <strong>de</strong> projetos hidroelétricos que provocaram e ain<strong>da</strong><br />

provocam impactos sócioambientais significativos em diversas regiões do mundo, o que<br />

levou essas estruturas hidráulicas para o centro <strong>de</strong> um importante <strong>de</strong>bate sobre seus custos e<br />

benefícios, sobretudo nos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O caso <strong>da</strong> represa <strong>de</strong> Assuã, no Egito, é emblemático e ilustra <strong>de</strong> maneira<br />

importante a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s alterações verifica<strong>da</strong>s ao longo <strong>dos</strong> trechos <strong>de</strong> jusante, com<br />

per<strong>da</strong> <strong>de</strong> fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>dos</strong> solos agriculturáveis e, sobretudo, sobre o <strong>de</strong>lta do rio Nilo, on<strong>de</strong> se<br />

verificam a salinização do solo e o comprometimento <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pesqueiras. Conforme<br />

observa Marq <strong>de</strong> Villiers, “Mu<strong>da</strong>ndo o padrão <strong>de</strong> fluxo que sustentara uma civilização<br />

durante cinco mil anos” (DE VILLIERS, 2002), a barragem alta <strong>de</strong> Assuã alterou<br />

permanentemente os ecossistemas do Nilo afeta<strong>dos</strong> pela obra.<br />

Anteriormente à barragem alta <strong>de</strong> Assuã, o rio Nilo havia sido barrado, na mesma<br />

região, em 1902. Essa primeira barragem, menor, e construí<strong>da</strong> com o objetivo <strong>da</strong><br />

regularização <strong>da</strong>s vazões do rio, pouco influenciava, entretanto, no transporte <strong>de</strong><br />

sedimentos, uma vez que não possuía gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>dos</strong> volumes <strong>da</strong>s<br />

vazões <strong>de</strong> cheia do Nilo. Sua interferência no regime natural do rio se limitava a uma<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação que não implicava restrições ao fluxo <strong>da</strong>s maiores vazões <strong>da</strong>s<br />

cheias, permitindo, assim, o transporte <strong>da</strong> maioria <strong>dos</strong> ricos sedimentos provenientes <strong>dos</strong><br />

altiplanos etíopes e <strong>dos</strong> pântanos do Sudão, responsáveis pela fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s áreas on<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolveu a agricultura que sustentou uma civilização.<br />

Os benefícios, normalmente assinala<strong>dos</strong>, <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> regularização <strong>da</strong>s<br />

vazões do Nilo e <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> obti<strong>da</strong>s com a construção <strong>da</strong> barragem alta <strong>de</strong><br />

Assuã, relaciona<strong>dos</strong> ao controle <strong>da</strong>s enchentes e à disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, têm sido confronta<strong>dos</strong>, entretanto, com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus efeitos <strong>de</strong> jusante. Esses benefícios, quando coteja<strong>dos</strong> com os fortes impactos<br />

ambientais <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> implantação e operação <strong>da</strong> represa, passaram a ser questiona<strong>dos</strong>,<br />

revelando um balanço custo-benefício muito menos favorável do que se supunha.<br />

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