Morel Queiroz da Costa Ribeiro - Mapa dos Conflitos Ambientais de ...
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Recentemente, e no afã <strong>de</strong> reunir to<strong>dos</strong> os argumentos possíveis a favor <strong>da</strong><br />
hidroeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, vários agentes, governamentais e priva<strong>dos</strong>, se apresentaram no cenário<br />
nacional <strong>de</strong>stacando a irresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se negligenciar a enorme reserva energética<br />
que o Brasil ain<strong>da</strong> possui, representa<strong>da</strong> pelo significativo potencial hidroelétrico<br />
remanescente, sobretudo na região norte do país.<br />
O Brasil aproveita atualmente cerca <strong>de</strong> 28,4% 30 do total <strong>de</strong> seu potencial<br />
hidroelétrico, estimado em 261.000 MW. O relativo baixo aproveitamento <strong>da</strong> fonte<br />
hidráulica em nosso país para a produção <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> é sempre utilizado como um <strong>dos</strong><br />
principais argumentos para a expansão <strong>de</strong> sua exploração.<br />
Normalmente acompanhado <strong>de</strong> informações sobre a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outros países, on<strong>de</strong><br />
a exploração do potencial hidráulico é bastante superior (EUA e França são sempre cita<strong>dos</strong>,<br />
com o aproveitamento <strong>de</strong> 89% e 100% <strong>de</strong> seus potenciais, respectivamente), esse fato vem<br />
sendo ultimamente muito explorado nas discussões sobre o planejamento energético<br />
nacional, porém sem ressalvas quanto a alguns aspectos importantes.<br />
A utilização <strong>de</strong>sses números em um contexto discursivo sobre os riscos futuros <strong>de</strong><br />
racionamento <strong>de</strong> energia - além <strong>de</strong> ser referência muito sugestiva por se tratar <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> e ricos - tem colocado para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira um problema <strong>de</strong><br />
solução única. Não se esclarece, porém, que aqueles países (EUA e França) não conseguem<br />
suprir com essa fonte mais do que 10% e 15% <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s, respectivamente 31 . Ou<br />
seja: o aproveitamento intenso e total <strong>dos</strong> rios para produção <strong>de</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> significa,<br />
nesses dois casos, e apesar <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os expressivos e reconheci<strong>dos</strong> impactos<br />
socioambientais associa<strong>dos</strong> às barragens, um muito pouco expressivo suprimento <strong>de</strong><br />
energia necessária à manutenção <strong>de</strong> suas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
No caso do Brasil, é importante sublinhar que o potencial remanescente mais<br />
importante se encontra localizado, como já citado no item 3.1 <strong>de</strong>ste capítulo, em regiões <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> sócioambiental a esse tipo <strong>de</strong> intervenção, com 50,2% do total<br />
localiza<strong>dos</strong> nas bacias amazônicas, principalmente nos rios Tocantins, Araguaia, Xingu e<br />
Tapajós. (BERMANN, 2007).<br />
30 Fonte ANEEL, cita<strong>da</strong> em BERMANN, 2007. Impasses e Controvérsias <strong>da</strong> Hidreletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Estu<strong>dos</strong> Avança<strong>dos</strong>. USP, 2007.<br />
31 Da<strong>dos</strong> recolhi<strong>dos</strong> no The International Journal on Hidropower & Dams, 2001.<br />
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