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_Hinrichs_Kleinback

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346 Energia e Meio Ambiente<br />

As meias-vidas dos radioisótopos podem ser utilizadas na datação radiométrica de<br />

materiais orgânicos e inorgânicos. A datação por carbono radioativo tem sido muito importante<br />

na determinação de há quanto tempo uma fonte de amostras de material orgânico<br />

morreu. O 14 C radioativo é produzido na atmosfera superior por reações nucleares<br />

induzidas por raios gama de alta energia. Uma vez que este isótopo tem comportamento<br />

químico idêntico ao do isótopo abundante, o carbono-12, ele é capaz de formar compostos<br />

comuns como o dióxido de carbono. Na atmosfera, a razão de 14 C para 12 C em C0 2<br />

é de<br />

aproximadamente 1,3 X 10 - 1 2<br />

para 1. A mesma razão existe nos organismos vivos, pois as<br />

plantas utilizam o C0 2<br />

durante a fotossíntese, e os animais, por sua vez, alimentam-se das<br />

plantas. Quando um organismo morre, esta razão irá diminuir porque o 14 C decai por<br />

emissão beta e sua fonte não é renovada, já que os processos biológicos cessaram. A meiavida<br />

do 14 C é de 5.730 anos. Considerando que a razão 1 4 C/ 1 2 C tem permanecido constante<br />

na atmosfera por milhares de anos, é possível estimar a idade de um material<br />

orgânico medindo a sua atividade. Hoje em dia, você encontraria uma atividade de aproximadamente<br />

15 desintegrações por minuto em um grama de material vivo. Uma amostra<br />

de 1 g que tem 5.700 anos de idade teria uma atividade de 7,5 desintegrações/minuto. A<br />

datação por carbono radioativo é considerada confiável até cerca de cinco meias-vidas, ou<br />

25.000 anos.<br />

A datação geológica de rochas deve utilizar radioisótopos com meias-vidas muito longas.<br />

Uma vez que a atividade de tal fonte é muito baixa (lembre-se que a atividade é inversamente<br />

proporcional à meia-vida), este tipo de datação é feito medindo-se a quantidade<br />

do produto de decaimento (chamado de "filho") em relação ao radioisótopo original (o<br />

"pai") presente na amostra. Já que a razão entre isótopo original e produto de decaimento<br />

presentes na rocha é uma função do tempo, a idade da amostra pode ser determinada. Tais<br />

medições têm que pressupor que a rocha é um "sistema fechado" — ou seja, nenhum dos<br />

átomos originais ou do produto do decaimento foram adicionados ou retirados da rocha<br />

durante a sua história. Conseqüentemente, as amostras devem estar livres da influência de<br />

intempérie e de outras contaminações.<br />

Um destes métodos de datação geológica utiliza potássio e argônio. O isótopo 40 K, encontrado<br />

em muitos minerais, decai a 40 Ar pela captura de um elétron da camada mais<br />

próxima do núcleo, e tem uma meia-vida de 1,2 X 10 10<br />

anos. O argônio não é encontrado<br />

inicialmente na rocha, pois é um gás inerte e não se liga quimicamente a outros átomos.<br />

Medidas da razão entre 40 Ar e 4 0 K já determinaram a idade de rochas de até 4,7 bilhões de<br />

anos. Outro método de datação utiliza a razão entre o nuclídeo pai rubídio-87 ( 87 Rb, =<br />

5 X 10 10 anos) e o núcleo-filho estrôncio-87 ( 87 Sr).<br />

F. Cola Nuclear, ou Energia de Interação Nuclear<br />

Forte 6<br />

Conhecemos hoje cerca de 115 elementos diferentes, dos quais 81 apresentam ao menos<br />

um isótopo estável. Entre os 34 elementos restantes, alguns têm isótopos radioativos com<br />

meias-vidas longas, os quais são encontrados na natureza, enquanto outros foram produzidos<br />

artificialmente e têm meias-vidas muito curtas (por exemplo, alguns microssegundos).<br />

A radioatividade de ocorrência natural limita-se principalmente aos núcleos mais<br />

6 N.T.: No original: "Nuclear Glue, or Binding Energy". Em inglês, há distinção entre os termos binding e bonding.<br />

No contexto atômico-molecular, o primeiro termo (binding) se refere a interações fracas entre átomos e<br />

moléculas, ou à interação nuclear forte que mantém os núcleos unidos, apesar da força de repulsão elétrica<br />

entre os prótons. O segundo termo (bonding) se refere à formação de ligações químicas, com o compartilhamento<br />

ou a transferência de elétrons. Em português, infelizmente, não existe distinção entre os dois termos,<br />

que normalmente são traduzidos por "ligação". Optamos aqui por utilizar a expressão correta da área:<br />

interação nuclear forte.

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