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_Hinrichs_Kleinback

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404 Energia e Meio Ambiente<br />

O dano ou alteração biológica de uma célula por causa da radiação pode induzir efeitos<br />

somáticos (aqueles que afetam o indivíduo exposto à radiação) ou efeitos genéticos (aqueles<br />

que afetam os descendentes do indivíduo exposto à radiação), dependendo do tipo de célula<br />

que sofreu a exposição. O dano provocado pela radiação na célula (como, por exemplo, o<br />

rompimento das ligações dentro de uma molécula de DNA) pode inibir o reparo celular porque<br />

a célula tem que "ler" as instruções contidas no código genético. O dano radioativo também<br />

pode inibir a divisão adequada de uma célula. Uma célula danificada pode crescer de<br />

uma maneira nova e descontrolada, passando a invadir e destruir as células ao seu redor,<br />

tornando-se um câncer. Câncer é uma doença provavelmente causada por uma combinação<br />

de alguns fatores, o que inviabiliza explicações muito simplificadoras. Um fator que pode<br />

estar envolvido com o aparecimento de um câncer é o ataque de vírus às células normais, fazendo<br />

com que elas passem a se reproduzir descontroladamente. A radiação e outros agentes<br />

carcinogênicos (químicos e físicos) podem comprometer a resistência de uma célula<br />

saudável a este vírus. Danos genéticos nas células reprodutivas produzem mutações que<br />

serão transmitidas aos descendentes do indivíduo afetado, apesar de isto, em muitos casos,<br />

não se tornar visível por algumas gerações.<br />

Os efeitos de altas doses de radiação podem aparecer em algumas horas ou em alguns<br />

dias após a exposição, manifestando-se como náuseas, vômito e morte. Todavia, no caso<br />

de pequenas doses, efeitos como o câncer não são observados por 20 anos ou mais, o que<br />

dificulta o estabelecimento de relações quantitativas confiáveis entre causa e efeito.<br />

Experimentos com moscas-das-frutas e ratos têm sido usados para quantificar os efeitos de<br />

doses elevadas de radiação. A Figura 14.2 mostra um gráfico da porcentagem de sobreviventes<br />

em função da dose de radiação aplicada a ratos. A taxa de mortalidade eleva-se juntamente<br />

com o aumento da dose aplicada, até que 100% dos ratos são afetados por doses<br />

elevadas. O ponto no qual 50% da população é afetada e morre (em semanas) é chamado<br />

de "dose letal-50%" ou DL-50. A Figura 14.2 indica que a DL-50 para ratos é de cerca de<br />

1.000 rads.<br />

No caso dos seres humanos, a DL-50 é de aproximadamente 300 rads a 500 rads sobre<br />

todo o corpo. Uma dose destas irá produzir uma alteração ou redução nas células sangüíneas<br />

e nos órgãos produtores de sangue, levando à ocorrência de náuseas, vômitos, suscetibilidade<br />

a infecções e morte em 50% das pessoas expostas dentro de um prazo de 30 dias.<br />

Doses superiores a 2.000 rads irão danificar o sistema nervoso central e levar à morte em<br />

poucos dias (Tabela 14.3).<br />

Os efeitos biológicos da radiação dependem de qual parte do corpo foi exposta. Mãos<br />

e pés podem receber doses maiores que praticamente todas as outras partes do corpo. Os<br />

tecidos mais sensíveis são a parede do intestino, o baço, as gônadas e a medula óssea. A<br />

parede intestinal é importante por ser a principal barreira contra as bactérias que habitam<br />

o intestino. Se ela for afetada, bactérias intestinais podem invadir a corrente sangüínea.<br />

Caso os leucócitos (células brancas do sangue, responsáveis pelo combate às infecções) da<br />

pessoa exposta à radiação também tenham tido seu número reduzido em função da exposição,<br />

então a infecção poderá ser fatal.<br />

FIGURA 14.1<br />

Diagrama de uma célula.

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